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[COLUNA NES] “E ASSIM SEGUE A HUMANIDADE…”

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Ontem foi celebrado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Vi muitas “lives”, reportagens, explicações sobre estado laico, estado democrático de direito… Acompanhei tudo! Cheguei a uma conclusão bem simples: se cada um tomar conta da sua própria vida, não sobra tempo de azucrinar a vida dos outros.

            Meus avós foram casados por mais de 60 anos. Eu disse SESSENTA ANOS! Fui criada por eles, na Umbanda e na Igreja Católica. Nunca vi os dois brigando por causa de religião. Aprendi a cantar ponto no terreiro e os cânticos na missa. Fui batizada na Igreja de São Cosme e São Damião e no Templo de Umbanda Filhos de Iemanjá. Aos 20 e poucos anos, resolvi frequentar o kardecismo, depois fui para a Igreja Messiânica. Em 2008, voltei para a Umbanda e não saí mais. Já visitei a Igreja Universal e a Igreja Batista, de vez em quando vou à missa… E nada disso me faz ter menos fé do que os outros, pelo contrário.

            Eu gosto de compartilhar, de conhecer ideias diferentes.

            O que não gostei foi de ouvir “Tá repreendido!”, quando a moça do mercado viu a guia de proteção no meu pescoço. O que não gostei foi de ouvir: “Você pode mudar essa música?” quando estava tocando um ponto lindo de Oxum no meu carro e dei carona a uma colega de trabalho de outra religião. O que não gostei foi de ler a mensagem que a vizinha mandou reclamando porque eu estava cantando “Ô, Zé, faça tudo que quiser, só não maltrate o coração dessa mulher!” às DUAS HORAS DA TARDE, enquanto estava fazendo faxina na minha casa. (Detalhe que ela fica até altas horas ouvindo som na varanda e eu nunca reclamei, rs).O que não gostei foi de ouvir outra vizinha me dizendo: “Você precisa aceitar Jesus no coração!”, quando cheguei  uma vez bem cansada com a roupa do terreiro e entrei no elevador. Não gostei e RESPONDI em todas essas vezes, bem bonita. Para a moça do mercado, falei: “Ih! Tá repreendido mesmo! Peguei o chocolate errado!”.Para a colega de trabalho, falei: “Vá de ônibus, meu bem!”. Para a vizinha que reclamou da música do Zé, mandei um áudio cantando um ponto de Exu. Para a vizinha do elevador, perguntei: “E quem te disse que não tenho Jesus no meu coração? Sabe de nada, inocente! Meu parceirão! Aliás, ele tá me dizendo aqui para você dar uma limpada no seu coraçãozinho porque tá o Ó!”.

            Obviamente, tem dia que dá preguiça de gente que usa antolhos. Nem todo mundo teve a dádiva de ter a educação e os ensinamentos religiosos que tive dos meus avós. Não é nem questão de “tolerar”. É de “respeitar” mesmo. É questão de caráter. Minha intolerância é com homofobia, racismo e afins. Aí não dá nem pra ser o contrário. Questão de humanidade.

            Beijos de luz para todos! Umbandistas, candomblecistas, católicos, evangélicos, espíritas, messiânicos, budistas… TODAS AS RELIGIÕES SÃO LINDAS! O ser humano é que anda precisando aprender o que Jesus, os Orixás e todos os outros Mestres ensinam.

Fayga Cabral
Fayga Cabral
Carioca, torcedora do Flamengo e do Bahia, vivendo em Salvador desde 2013. Analista de Redes em Mídias Sociais, Bacharela em Relações Internacionais. Depois que quarentou, resolveu ser estudante de História e de Letras. Ninguém é obrigado a ter um só caminho, uma só direção, uma só opinião.

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