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#Opinião – A Polícia e seu racismo legitimado

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Por Rodrigo Coelho

Quando a arma do Estado é engatilhada na Graça, Barra ou Alto do Itaigara certamente é para proteger ou ser subserviente. Mas, quando a arma é engatilhada na favela é o Estado cumprindo o seu dever opressor de aniquilar o negro, pobre e periférico. Quem nunca foi abordado na favela com palavras de baixo calão ou pela frase “encosta vagabundo” nunca viveu ou não sabe o que é favela.

Essa semana um flagrante de um policial pisando no pescoço de uma mulher negra, de 51 anos, a fim de imobilizá-la na periferia de São Paulo Situação similar ao que ocorreu nos Estados Unidos e que acarretou na morte de George Floyd, em maio desse ano. No inicio de Junho, assistimos um empresário da porta de sua casa em Alphaville dizer a um policial que ele era um “merda”, escancarou o que quem mora na favela sabia já há muito tempo: a forma diferente entre a agressividade da polícia com os pobres e a humilhação diante dos ricos.
Em poucas palavras, o empresário, ecoou nos ares do Brasil a frase impactante ao dizer: “na favela você é homem, fora dela é apenas um bosta “. Quem aí em sã consciência chamaria um policial de “merda “ na favela? Certamente ninguém! Quando chegam nos morros, becos e vielas deste país, a polícia militar desconta as suas frustrações e seus rancores naqueles que menos tem para dar, a não ser a própria vida e a cor. Na periferia são tigrões e na high Society são tchutchucas.


Ouvir certa vez de um ex-professor da academia de polícia, que a coisa mais difícil no mundo é ensinar aos policiais a não pesar a mão do Estado em cima dos seus, sem justo motivo.
Quando a polícia entra na favela, a cor da pessoa já o condena, assim foi o menino Joel, Marcos no Nordeste de Amaralina, João Pedro no Rio de Janeiro e George Floyd, nos Estados Unidos. Você deve notar que o que nos une aos milhares de policiais é a cor da pele e o sangue vermelho, mas o que nos diferencia é farda.

No Brasil a grande maioria dos crimes cometidos pela polícia são cometidos por policiais negros e oriundos da periferia, não tenha dúvida. É como uma forma de vingança contra a sua própria raça, é o capitão do mato moderno que se sente parte da elite oprimindo os seus, pelo simples fato de usar uma farda e ser legitimado pelo Estado.


A fala de Lazaro Ramos no filme Ó Paí Ó nunca fez tanto sentido diante da forma com que o racismo é latente , diante da forma com que os negros são tratados por nosso sociedade:
“Por acaso negro não tem olhos!? Negro não tem mãos, não tem sentidos, não come da mesma comida!?
Negro não sofre das mesmas doenças, Boca!?
Não precisa dos mesmos remédios!?
Quando a gente sua, não sua o corpo tal quanto ao branco!?
Quando vocês dão porrada na gente, a gente não sangra igual meu irmão!?
Quando vocês fazem graça a gente não rir?!
Quando vocês dão tiro na gente, porra… a gente não morre também? Não doe do
Mesmo jeito?”

O racismo é latente em nossa história, não superamos, aprendemos a conviver e na primeira oportunidade a nossa sociedade externa o seu racismo que estava guardado, guardado não por medo, mas por pura prudência mundana.

Assim foi a eleição de 2018 a sociedade elegeu uma classe política racista e elitista, foi expressado no voto a consciência do povo brasileiro. Foi colocado na urna o que não se tem coragem de dizer abertamente e esta mesma urna agora transborda em todos os cantos o fascismo, o racismo daqueles que se sentem representados por tudo isso que está aí.
O que está aí é fruto da sociedade brasileira é fruto da arvore que somos

Rodrigo Coelho
Rodrigo Coelho
Advogado, Mestre em Estado, Governo e Políticas Públicas. Diretor executivo do @nordesteusou

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