Pelo visto, as mazelas vivenciadas e denunciadas por Carolina de Jesus no seu quarto do despejo permanecem vivas e latentes na contemporaneidade.
Entra ano, e sai ano, mas parece que os problemas que assolam os moradores do Nordeste de Amaralina celebram aniversário e gozam de vida longa.
O tempo passa.. As cadeiras são substituídas, os forasteiros desfrutam das nossas riquezas e vão embora, rumo a se deleitarem no conforto do seus condomínios, assistindo de braços cruzados o nosso desalento. Até quando?
Quando será que nossa gente será valorizada e respeitada? Estamos em uma sociedade de desigualdade relutante. Um câncer, um vírus, uma fatalidade… Quantas Marias continuam derramando lágrimas.. Quantos jovens terão sonhos ceifados.. Até quando nosso povo viverá acanhado e desesperançoso?
A Constituição assegura direitos a todos os cidadãos brasileiros, ou apenas um grupo com seleto? Infelizmente, ainda vivemos em um contexto social que os direitos são para poucos, nós cabendo às margens.
Quantas/Quantos Carolinas de Jesus, Dandaras, Zumbis, Sepés Tiarajus, Barbaras Heliodoras, Marias Felipas, precisarão nascer para tentar ressignificar a nossa realidade?