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[Coluna NES ] Ansiedade… É preciso falar tanto dela?

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Por Fayga Cabral

“Doutor, tô morrendooo! Me ajudaaaa! Acho que tô infartandooo!”

Foi assim que cheguei na emergência há alguns dias.  Fiz eletro, tirei sangue, fiz xixi no potinho. NADA. Absolutamente NADA. Diagnóstico? CRISE DE ANSIEDADE. “Mas doutor, eu estava na praia ontem, acordei cheia de disposição hoje, não é possível isso, não! Eu  malho, corro, pedalo, medito, trabalho, estudo, minha mente tá sempre ativa. Eu tô é infartandooooo, vou morrerrrr! Me ajudaaaa!”

            Aí comecei a me lembrar de tudo que já havia lido sobre sintomas de ansiedade, devaneios e afins, sobre os tais “gatilhos”. Fiquei bem envergonhada de ter chegado ao hospital dizendo que estava morrendo. Pense aí no que é a MALUCA aqui, aos berros, achando que ía dar o último suspiro a qualquer momento!

            A gente precisa cuidar da cabecinha como cuida dos olhos, dos joelhos, do coração. Ninguém ESCOLHE ser ansioso. O SUS não colabora, né? Mas vamos tentar dar a mesma importância quando houver a NECESSIDADE de procurar um psiquiatra. Isso mesmo! Bora repetir sem medo e sem frescura: PSIQUIATRA! Ir ao cardiologista é importante, ao oftalmologista também, ao ginecologista … Super! E por que quando a cabeça dá “defeito” a gente tem vergonha de dizer que precisa procurar um psiquiatra? De novo: o SUS não ajuda muito. Mas se não tiver a vergonha de assumir que PRECISA do especialista, já é um bom começo. A psiquiatra Katia Leoni ressalta a importância do tratamento: “Acredito no homem como ser integral e, como tal, necessita de uma abordagem integral para todos os seus problemas. Assim, também no sofrimento psíquico, devemos considerar vários parâmetros. A  farmacologia é uma abordagem importante.  Em alguns momentos,  torna-se a mais importante. Porém, deve ser associada a outras terapias para favorecer a socialização e a completude desse ser em sofrimento. Atuar nos receptores para minimizar a ansiedade ou os sintomas depressivos, atenuar pensamentos e ideações que perturbam o paciente, melhorar a qualidade do sono, tudo isso faz parte da necessidade farmacológica. Entretanto, é determinante que seja feita uma abordagem psicoterapêutica livre de fármacos, que tragam apoio e suporte para a integração social do paciente em tratamento. É importante desconstruir a ideia da robotização do paciente medicado e da dependência aos medicamentos. Nem todo medicamento causa dependência e nem todo paciente necessita ser dopado. Para isso, o diálogo entre cuidadores e profissional responsável é determinante. O desmame, quando indicado, deve ser realizado sob orientação e supervisão médica, evitando recaídas e traumas maiores”.

            Para a psicóloga Menethei Vianna, “a terapia é a caminhada para o autoconhecimento e se conhecer significa “dominar” tudo aquilo dentro de nós que não nos faz bem. A ansiedade é um desses transtornos que atormenta e desequilibra a nossa vida. Sabe aquele “abre e fecha” da geladeira em busca de algo para comer, mesmo depois de comer um acarajé gigante? É a  ansiedade! Quando percebo que isso é uma ansiedade eu digo para mim: não é fome!  Ter o controle sobre isso ajuda a pensar em soluções, como, por exemplo, colocar um simples bilhetinho na geladeira: “É FOME ou ANSIEDADE?”

Bizus da Tia Fayga:

– Se você acha que é impossível aprender a meditar sem pagar UM centavo, visite o Instagram  de @dimitricampana. Todos os dias ele orienta meditação guiada, às 6 da matina! 0800! Se não conseguir fazer em casa, sentadinho, como ele faz, coloque o fone e tente fazer no ponto de ônibus, no caminho para o trabalho, preparando o café.  Mas TENTE. Ele deixa algumas meditações salvas no canal do Youtube. Depois que pegar a manha, dá para fazer sozinho, a qualquer sinal de aproximação dessa COISA chamada ansiedade.

– Nunca compare o seu nível de ansiedade com o do amiguinho, nem diminua o sofrimento alheio. Questão até de humanidade, ok?!

– A gente sempre precisa ter em mente aquele “combo” que todo médico fala: alimentação + atividade física. Não se trata de gastar mais do que a carteira permite em mercado e academia. Uma batata doce e uma cenoura custam menos do que um salgado frito. Sem contar a nossa orla. É a academia a céu aberto mais linda do mundo! A internet pode ser usada a nosso favor também nisso. Dá para achar vários profissionais de educação física que ensinam exercícios para fazer em casa. É óbvio que, na maioria das vezes, tem um custo. Mas se procurar direitinho, a gente acha 0800.  Eu, por exemplo, malhei de graça todos esses meses pandêmicos pelo perfil de @nortonmello . Alguns vídeos continuam salvos lá! Ainda dá para aproveitar!

– Que tal começar a filtrar a qualidade das informações que a gente vê? Não se ache bobo se preferir assistir uma comédia pastelão a um programa sensacionalista. Não é alienação. É cuidar da saúde mental!

– As profissionais de saúde que colaboraram aqui podem ser encontradas em https://www.doctoralia.com.br/katia-leoni-da-costa-nunes/generalista/salvador  (Dra. Katia Leoni) e @calcinhanacorda (Psicóloga Menethei Vianna).

Fayga Cabral
Fayga Cabral
Carioca, torcedora do Flamengo e do Bahia, vivendo em Salvador desde 2013. Analista de Redes em Mídias Sociais, Bacharela em Relações Internacionais. Depois que quarentou, resolveu ser estudante de História e de Letras. Ninguém é obrigado a ter um só caminho, uma só direção, uma só opinião.

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