A Kota Elisangela Santana teve o atendimento cancelado por uma atendente no SAC/Comércio, na tarde desta sexta-feira, 15/03, quando se negou a retirar o torço para fazer a foto do recadastramento biométrico do título de eleitor. A funcionária alegou que a foto não pode ser feita de torço. Elisangela questionou a alegação e explicou a atendente que o torço não era um adereço estético e sim religioso.
“Eu estava toda de branco, de torço numa sexta-feira, que ser humano desse planeta não sabe que sexta é dia de Oxalá? “, declarou a Kota. Após cancelar o atendimento a funcionária sugeriu que a Kota fosse fazer o título na sede do TER-BA, localizada no CAB. Elisangela exigiu um documento do setor informando o porquê do impedimento. A funcionária se negou a dar o documento e chamou a responsável do setor, que compactuou com a atendente. Depois de muita resistência, a responsável pelo setor fez uma ligação, que Elisangela acredita ter sido para o TRE, onde foi informada que a foto poderia ser feita com o torço por se tratar de uma paramenta religiosa. “Me senti extremamente desrespeitada e discriminada no que se refere a minha religião, no entanto não baixei a minha cabeça e ai chamaram fulano e beltrano até que ligaram para o TRE ”.
A presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-BA, Dandara Pinho, informou que a comissão vem prestando orientação e apoiando as vítimas de discriminação . Perguntada sobre o que deve ser feito nessas situações Dandara orienta que a pessoa atingida pergunte o porquê do impedimento, pegue os dados de quem atendeu e deu essa informação, faça um boletim de ocorrência e procure a Comissão de Promoção da Igualdade racial da OAB BA.
O que é uma Kota?
Ekedi, Ajoiê kota e Makota nomes dados de acordo com a nação do candomblé, é um cargo feminino de grande valor, escolhida e confirmada pelo Orixá do Terreiro de candomblé (não entram em transe). Na Casa Branca do Engenho Velho, as ajoiés são chamadas de ekedis. No Terreiro do Gantois, de “Iyárobá” e nos terreiros de Angola do candomblé Bantu, é chamada de “makota de angúzo”, “ekedi” é nome de origem Jeje, que se popularizou e é conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil.