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#TBTNES Moradora da comunidade conta sua história de superação e vitória contra o câncer de mama

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Natália Cristinha trabalha com confeitaria e é mãe de um filho de 11 anos. Ainda muito jovem, aos 19 anos, engravidou. Saiu de casa e foi morar com o pai do seu filho. Tempos depois acabou se separando. Vivia tranquilamente a uma rotina semelhante à de qualquer moradora da comunidade. Sua vida era dedicada à criação do seu filho. Trabalhava numa empresa na área de administração e recursos humanos.

Desde os 18 anos, a jovem foi orientada a ir ao ginecologista a cada seis meses. Por ter um histórico de câncer na família, ela salienta que passou a ter ainda mais cuidado. “Inclusive, eu tinha seis meses que tinha feito todos os exames. Quando retornei ao médico, o tumor já estava”, conta Natália. Aos 25 anos, o susto. Em fevereiro de 2013, numa quinta-feira logo após o carnaval, a garota foi até uma clínica na Garibaldi, pegar o resultado dos exames de rotina que havia feito. “Quando abri o resultado, ainda na recepção da clínica, tomei um choque. Antes de entrar na sala da médica fui ao banheiro e chorei muito. Fiquei desorientada. A médica foi muito dura na forma que me falou. Foi logo dizendo que eu estava com câncer… Eu estava sozinha naquele momento… Saí de lá atordoada. Peguei um táxi e fui para casa. Tentei ligar para todos os meus familiares e não consegui. Foi um momento que Deus preparou para eu estar sozinha com ele. À noite minha mãe falou comigo e pelo telefone mesmo eu disse: Mãe, eu estou com câncer”.

Ainda em estado choque, no dia seguinte, Natália voltou ao consultório da médica. Ainda chateada pela forma como lhe fora dado o diagnostico, pegou suas documentações e foi procurar um oncologista e um mastologista. Não mais voltou ao consultório da referida ginecologista. “Foi tudo muito rápido. Tive que entrar na quimioterapia com urgência. O tumor já tinha 6 cm e estava enraizado por três. Por conta da minha idade, refiz os exames para confirmar o diagnostico e com quinze dias já estava colocando o cateter. Da descoberta para o tratamento foi menos de vinte dias. Tive muito apoio da minha família”.

Durante o tratamento a jovem reconciliou-se com o pai do seu filho. “No período que descobri a doença estava separada. Fiquei com ele no período do tratamento. Logo após, acabamos nos separando novamente”, relembra. A distância do filho durante as internação na unidade semi-intensiva, fez com que Natália, por duas vezes, desistisse do tratamento: “Minha vida sempre foi toda ao redor do meu filho. Ele também sempre esteve comigo. Ficar longe dele foi muito difícil. Na época ele tinha apenas seis anos…Sei que para ele também não foi fácil. Por ele, tentei tentei fazer minha vida ser o máximo normal. Levava ele para passear, ia ao cinema…”, conta emocionada.

Foi no período do tratamento que a jovem encontrou a sua atual profissão. Encostada pelo INSS e sentindo-se “inválida”, Natália começou a vender brigadeiro e kit salgados nos locais onde fazia tratamento. “Hoje tenho um atelier onde faço bolos decorados e dou cursos de tortas. O mais lindo é que foi através do câncer que hoje sou uma confeiteira. Sou apaixonada pelo que faço. Nunca fiz cursos. Quem me capacitou foi Deus”, conta a empreendedora.

Vaidosa e no esplendor dos seus 25 anos, Natália viu a doença ferir de forma agressiva a sua auto estima. “Eu era vaidosa de mais… Foi muito dolorso… Primeiro perdi o cabelo, mas nunca tive vergonha de sair. Fiquei careca na rua. Mas a mama foi o pior. Perdi as duas mamas e  fiz a reconstrução. Não deixei ninguém ver a minha dor, mas quando eu podia me trancava no quarto e chorava. A jovem encontrou no livro “Quimioterapia e Beleza”,de Flávia Flores, as palavras certas para a hora certa. No livro, a autora que era modelo, fala sobre os percalços enfrentados durante o tratamento, e aponta algumas dicas para vencer o câncer  mantendo a saúde, a sensualidade e o alto-astral. Sobre a importância da obra em seu tratamento, Natália explica:  “O livro ajudou a elevar a minha auto-estima. Aprendi a me arrumar, a não ficar abatida e a viver durante o tratamento. Senti que podia morrer, mas não permiti que as pessoas vissem isso em mim. As pessoas iam me ver e choravam… Eu ai dizia: “Menina, não fique assim, não. Eu estou bem”. Minha vida é dividida em três fases: a pessoa que eu fui, a pessoa que eu estava sendo e a pessoa que sou hoje. Se você me ver hoje você não diz o que eu passei e não diz também a menina que fui no passado. Posteriormente, fiz até uma campanha no instagram para elevar a auto estima das mulheres com câncer”.

Hoje, curada e feliz, Natália tem na sua história um exemplo emblemático sobre a importância do Outubro Rosa. A jovem, inclusive tatuou em seu ombro, o “lacinho” rosa, que simboliza a campanha. “Ia fazer o nome da minha mãe, mas ao chegar no estúdio deu a vontade de tatuar o laço. Serei sempre uma paciente de câncer de mama e quero levar para todos a importância dessa campanha, não somente no mês de outubro” . A jovem ressalta que procura falar com todas as amigas e primas sobre a importância da prevenção: “O câncer é muito rápido em surgir e matar. Digo sempre que essa doença não tem idade, cor e nem classe social. Para aquelas que estão passando pelo que passei um conselho: Tenham fé em Deus, pois ele é bom e opera milagres”.

E hoje, quem é Natalia? A nossa guerreira responde: “Sou uma pessoa que dá valor à vida. Sou mais forte e realizada. As palavras negativas não me abatem. Sou mãe! Não existe palavra maior que essa”. Parabéns, Natália!

Tiago Queiroz
Tiago Queiroz
Graduado em Comunicação/Jornalismo, e exerce as funções de Editor e Coordenador de Jornalismo do Portal NORDESTeuSOU

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