Por G1 Bahia
Uma escola municipal do bairro do Engenho Velho da Federação, em Salvador, ganhou o nome da educadora e líder religiosa Valdina de Oliveira Pinto, mais conhecida como Makota Valdina. A informação foi divulgada pela Câmara Municipal nesta segunda-feira (29).
De acordo com informações da Casa, o Projeto de Lei que propôs a mudança do nome da unidade de ensino, que se chamava Escola Municipal do Engenho Velho da Federação, foi apresentado pelo vereador Sílvio Humberto (PSB) e aprovado pelo prefeito ACM Neto, que sancionou o projeto, na última quinta-feira (25).
Makota Valdina morreu no 19 de março deste ano, no Hospital Hospital Teresa de Lisieux, em Salvador. Ela foi diagnosticada com um quadro grave de disfunção renal e abscesso hepático [infecção do fígado].
Durante o tratamento, conforme o hospital, Makota chegou a apresentar melhora, mas não resistiu.
A educadora e líder religiosa foi enterrada sob forte comoção no Cemitério Jardim da Saudade, no bairro de Campinas de Brotas. Dezenas de pessoas vestidas de branco, como manda o candomblé, entre familiares, amigos, praticantes de religiões de matriz africana e políticos, como o governador Rui Costa (PT), compareceram ao velório.
História
Valdina era conhecida como Makota devido ao cargo recebido no candomblé, no terreiro Angola Tanusi Junsara, localizado no Engenho Velho da Federação, bairro onde ela nasceu e desenvolveu ações educacionais. Desde a década de 1970, Valdina lutava contra a intolerância, principalmente a religiosa.
Ela sempre se posicionou na sociedade como militante e fez questão de impulsionar as mudanças na própria religião. Como ela dizia, “é preciso ser sujeito dessa história e não objeto”.
Makota Valdina era natural de Salvador, professora aposentada da rede pública municipal, educadora, ativista política e membro do Conselho de Cultura da Bahia. Valdina Pinto ocupou o cargo de Makota, assessora da Nengwa Nkisi, Mãe de Santo do Tanuri Junsara, Terreiro de Candomblé Angola, em Salvador.
Durante os mais de cinquenta anos de ensinamentos e atividades em prol da preservação do patrimônio cultural afro-brasileiro, Makota Valdina recebeu diversas condecorações, como o Troféu Clementina de Jesus (UNEGRO), Troféu Ujaama, Medalha Maria Quitéria e Mestra Popular do Saber.
Em 2013, ela lançou o livro “Meu Caminho, Meu Viver” durante um evento no Forte da Capoeira, no Largo Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador.
O mês escolhido para o lançamento do livro simbolizou a morte de Zumbi dos Palmares, representante da resistência negra à escravidão no Brasil. Na ocasião, Makota disse esperar que o livro motivasse as pessoas a registrar suas histórias, principalmente os negros. “A história de vida de cada negro é parte de uma história coletiva que ainda está por ser verdadeiramente conhecida por muitos”, escreveu na obra.