Antes mesmo dos trios elétricos, do axé e até do Rei Momo, já existia o concurso de Rainha e Princesas do Carnaval, realizado de forma ininterrupta nos últimos 76 anos. Mas a quase secular tradição corre o risco de ser quebrada no ano de 2020, pois a disputa corre o risco de não acontecer por conta de uma dívida da Secretaria de Turismo da Bahia (Setur) com os organizadores dos eventos, segundo os próprios.
Nos os anos de 2018 e 2019 a Setur fechou um patrocínio para o evento e teve a sua marca exposta durante o concurso. Entretanto, segundo Gorgônio Loureiro, coordenador geral do certame, até hoje o valor não foi quitado, fazendo com que a organização da Rainha e Princesas do Carnaval acumulasse dívidas e, até hoje, não conseguisse pagar a premiação para as vencedoras do ano passado.
“Até 2017 quem realizava o patrocínio era a Bahiatursa. Em 2018 o então secretário José Alves disse que a SETUR iria assumir essa parte. Só que nem naquele ano quanto em 2019 eles realizaram o depósito. Chegaram a me dizer, em abril, que o pagamento seria feito em 10 dias, mas não o fizeram”, explica Gorgônio.
O maior problema na negociação pelo quitamento do débito, segundo Gorgônio, aconteceu quando, em fevereiro deste ano, Fausto Franco assumiu a pasta, substituindo José Alves, e colocando em xeque a realização do concurso.
“Eu cheguei a juntar todos os comprovantes dos gastos, as fotos mostrando a publicidade, todos os papéis e os levei. Por diversas vezes me garantiram que iam pagar, mas até agora nada”, conta o organizador, que afirma que não pretende levar o caso para a esfera judicial.
“Eles precisam assumir um compromisso de governo, caso não haja esse pagamento, até por respeito às meninas que venceram e não receberam a premiação, além de nossos outros credores. Caso o estado realmente não pague, terei de vender meu apartamento para honrar os compromissos. Nós organizamos o concurso há 26 anos e nunca atrasamos nada. Não será desta vez que iremos dever”, completa.
Outro problema para a realização do concurso neste ano é a falta de patrocínios. Até esta data, nenhuma parceria foi firmada. “O principal apoiador é o poder público. Em 2018, por exemplo, a prefeitura nos apoiou com R$ 40 mil e no ano passado custeou o hotel e a alimentação das meninas”, lembra,
Em nota, a Setur disse que a única informação que poderia passar é de que, para o ano de 2020, o patrocínio ao evento não está previsto em orçamento. O CORREIO tentou contato com o secretário Fausto Franco, que não atendeu às ligações.