Meus caros, o Brasil foi o país que mais importou povos africanos para o trabalho escravo (cerca de 4 milhões). Foi o último país do mundo a abolir a escravidão.
A escravidão começou no Brasil bem no início do período colonial, onde começaram a vim alguns contingentes de povos de vários reinos da África para o serviço árduo e compulsório, em todas as funções econômicas do país. Além disso, foram fundamentais para o enriquecimento nos três ciclos que, na época, foram mais rentáveis ao país, como: o açúcar, o ouro e o café que foi a prosperidade do Segundo Reinado.
A escravidão no Brasil foi de cunho capitalista e segregador, diferente da escravidão da África onde um indivíduo era escravizado por dívidas, prisioneiros de guerra, ou por uma infração cometida.
A igreja Católica legitimou a escravidão afirmando que os negros não possuíam alma, por isso, deveriam ser escravizados. As teorias sociais da época, pensada e difundidas pelos europeus, traziam a ideia de que os povos africanos eram inferiores e não capazes de desenvolver o intelectual. A partir desses ideais, começam a se construir as ideias de racismo no Brasil e no mundo.
Caro leitor, os povos escravizados nunca aceitaram passivamente a escravidão, resistiram de todas as formas, seja na destruição dos canaviais bem como nas fugas aos quilombos.
A Inglaterra, devido a Revolução Industrial que estava vivendo em pleno século XVIII, reconheceria a independência do Brasil na condição que o mesmo abolisse gradativamente a escravidão. Extinguindo o trabalho escravo no país, a senhora Inglaterra teria seu mercado facilitado para o consumo dos seus produtos. Então, o Brasil criou diversas Leis como a do Fim do Tráfico Negreiro, do Ventre Livre e dos Sexagenários e, por último, a tão famosa Lei Áurea que pôs fim definitivamente a escravidão no Brasil.
Podemos entender que os povos africanos foram mesmo livres em 13 de maio de 1888?! Claro que não.
A Lei Áurea foi assinada à lápis (literalmente). Os ex escravizados foram colocados de “escanteio” na sociedade . Não houve, sequer, nenhuma política de inclusão e inserção desses povos dentro do mercado formal. Os negros foram lançados aos trabalhos subalternos e se alojaram nos morros e nas periferias das cidades levando uma vida de miséria e sofrimento. Foi negado aos filhos desses povos a educação, que é agente transformador na vida de uma pessoa.
Após a abolição, surge também, no Brasil, a Eugênia, movimento que tinha por objetivo extinguir a raça negra dentro de cinquenta anos. A ideia era “embranquecer” o país para compará-lo aos países da Europa.
Portanto, se hoje a maior parte da população negra é marginalizada é porque fundamentalmente em toda a história os negros sempre foram marginalizados. É preciso fazer muito por todos os afrodecendentes que ainda carregam os resquícios dos tempos da escravidão. O racismo se estruturou no Brasil, devido a herança maldita da escravidão. Celebrar a consciência negra é lutar por uma verdadeira democracia racial.É preciso encontrar o nosso povo em todos os espaços desse país, para a nossa afirmação enquanto pertencentes dessa sociedade que foi construída e que ainda se move pelas mãos dos nossos irmãos. Vamos romper com a hegemonia do branco. Vamos colocar negros no centro das decisões econômicas e políticas.
O 20 de novembro, data que marca a morte de Zumbi dos Palmares, foi criada com o objetivo de levar a todos a pensar e refletir a importância do respeito e da valorização dos nossos irmãos. Que possamos, juntos, sempre caminhar para igualdade racial.
Esse país foi construído por nossos ancestrais. Em cada parte dele tem sangue e sofrimento do nosso povo.
Viva Zumbi dos Palmares!
Viva Nelson Mandela!
E viva Luís Gama!
Alberto Júnior
Historiador