Findada eleição tudo voltou ao normal no Complexo Nordeste de Amaralina. No lugar das festas e caminhadas eleitoreiras, as desastrosas e truculentas operações policiais. Pouco mais de três dias após a realização do pleito municipal, três pessoas foram baleadas durante uma ação da PM na Rua São Jerônimo, no bairro da Santa Cruz. O fato aconteceu na noite desta quarta-feira (9).
Foram pouco mais de dois meses de “paz”. Vivíamos, mesmo que de forma ilusória, em uma eterna Disneylândia. Não me vem a mente registro de incursões policiais durante esse período. O sorriso suspeito dos candidatos deu lugar ao olhar tirano e desumano dos “agentes da lei”. Nada de abordagens agressivas. Tava tudo liberado. Até nos sentíamos importantes com o galanteio e oportunismo dos candidatos (com raras exceções)… Ávidos pelo voto se mostravam solidários. Entretanto, agora eleitos, se mostram indiferentes à dor dos pais e mãe da favela, que mais uma vez, viram seus filhos sucumbirem diante da violência policial. Silêncio.
Tudo será com dantes, no quartel de Abrantes. Na periferia tudo é efêmero, sobretudo os momentos de felicidade. Se por um lado, concordamos com o velho ditado que diz que “não há bem que sempre dure”, aqui desafiamos a lógica do “não há mal que nunca se acabe…”. Na favela é assim… Voltaremos a viver de migalhas. Sempre enganados por obras de fachada e paliativos. Nada de educação de qualidade ou atendimento digno nos postos de saúde, sempre lotados e ineficientes. O transporte público continuará a ser a velha piada de sempre. Escárnio.
Por cá, continuaremos firmes e fortes à espera de um milagre. Mas, sempre na trincheira de luta, denunciando desmandos e no calcanhar dessa gente que nos ignora. Não vamos esmorecer, afinal 2028 é logo ali….Luta.
Devaneios à parte: bem que poderíamos viver em eternas eleições…
