Fabrício Carvalho Gomes, de 22 anos, é model, morador do Cosme de Farias e um dos cinco finalistas do concurso “Beleza Black”. A final do concurso acontecerá neste domingo (04), no teatro Jorge Amado, às 18:30.
Mas, para quem vê a rápida ascensão de Fabrício não imagina tudo que ele passou para chegar neste patamar. Gay, preto e periférico. O modelo, antes de tudo , teve que superar o preconceito.
“Tive uma infância difícil e boa ao mesmo tempo, no sentido de diversão. Sempre soube viver, brincava, dava risadas, mas infelizmente os momentos ruins vinham, como o bulliyng. Sofri muito por ser uma criança afeminada, retaliações, preconceito por partes das outras crianças e pais também, que não permitiam que brincassem comigo por achar que influenciaria seus filhos a serem uma pessoa LGBTQIA+”, elenca Fabrício.
No auge de sua descoberta de identidade, o modelo teve que lidar com críticas a sua aparência, sendo chamado de macaco e até mesmo sendo eleito como o menino mais “feio” da turma.
“Nesse período cheguei até ser eleito o menino mais feio da sala de aula. O bulliyng era tão grande que além da sexualidade questionada, tinha a questão da beleza, que era taxada como feia. Fui crescendo, buscando minha identidade, entendendo meus traços, ancestralidade e seguindo um dia de cada vez, mesmo com um pouco de autoestima, esses traumas, esse peso ainda me consumia, não me sentia suficiente e bonito, apesar das pessoas começarem a me olhar com essa magnitude”, conta.
Contudo, o mundo dá voltas e, em alguns casos, capota. O modelo é um dos cinco finalistas do concurso Beleza Black e diz que não se achava capaz e bonito o suficiente para estar nesse lugar.
“Chegar no beleza black não era um sonho, não me sentia capaz e bonito o suficiente para estar naquele espaço. Até que em 2022 participei pela primeira vez, já com autoestima, entendendo o quão lindo e incrível eu era e que aqueles traumas no passado não iriam me assombrar mais. Foi um experiência incrível, representei meu bairro “Cosme de farias”, apesar de não vencer, foi lindo escutar historia de pessoas pretas como eu, que sofreram também, que tinham cicatrizes, que deixaram pra trás e criaram coragem pra estar naquele meio”.
O vencedor do concurso leva mil reais em prêmios, contrato com uma agência de modelos e um book pra chamar de seu.