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E TENHO DITO: É na Santa Cruz o melhor acarajé do mundo

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A fama corre solta: É no final de linha da Santa Cruz que é feito o melhor acarajé do Nordeste de Amaralina e região. Junto com a irmã Dona Domingas, hoje morando na Gameleira, Antônia Rosalina de Jesus chegou há quase quarenta anos e de lá não saiu mais. O tabuleiro fica situado exatamente no ponto de ônibus.

Quem primeiro começou a vender os famosos quitutes foi Domingas assim que chegaram no bairro. Antes as senhoras oriundas da cidade de São Felipe, interior do estado, se estabeleceram nos bairros da Mouraria e posteriormente no Engenho Velho da Federação. No final dos anos 70 fixaram moradia na Santa Cruz e Domingas passou a comercializar o que viria a ser o ?famoso acarajé do final de linha da Santa Cruz?.  Sobre a situação do bairro na época em que aqui chegou Rosalina conta:  ?Quando vim morar aqui não existia nada. Mudou tudo por aqui. O transporte, a moradia, o comércio…?. Enquanto a irmã dava os primeiros passos atrás do tabuleiro, Rosalina foi trabalhar no antigo supermercado ?Unimar?, no bairro do Rio Vermelho. Lá ficou por oito anos.

O tempo passou e o negócio de Domingas prosperava. Foi então que Rosalina tomou a decisão de abandonar o emprego e ir ajudar a irmã. ?Resolvi vender acarajé pois minha irmã não estava dando conta. Tinha muita freguesia. Aprendi a fazer acarajé com ela?. Posteriormente, Domingas resolveu partir para novas aventuras e deixou o ponto, o tabuleiro e a freguesia para a irmã que ?cá está? até os dias atuais. Hoje, a quituteira conta com a ajuda da filha Debora, a quem repassa os ensinamentos aprendidos com a irmã. ?Ela é meu braço direito. Já faz tudo. Um dia ela toma conta?, fala a emocionada mãe.

Com quase trinta anos de tabuleiro a ?baiana? tirou do tacho de dendê os proventos para criar os filhos. Hoje tem até netos que também contam com a renda tirada do tabuleiro. ?Tenho três filhos. Criei todos aqui?, conta orgulhosa.  O trabalho suado e a dedicação não deixam de render recompensas. Se não chegou a ficar rica, materialmente falando, outras formas de satisfação e realização lhes foram concedidas. Rosalina conta que ainda possui clientes da época em que começou: ? Já tem os filhos e até os netos de antigos clientes que continuam comprando aqui com a gente. Alguns que já se mudaram daqui voltam para comer nosso acarajé?. O segredo do sucesso? ?O diferencial é fazer com carinho e amor. Se não tiver isso a gente não estaria aqui até hoje. Não é isso? ?.  Para ela o seu maior prazer é vim para o ponto todo dia e vender sua mercadoria. ?Acordo cedo todos os dias. Às cinco vou na feira comprar as coisas. Volto e começo a fazer a mexer o vatapá, cortar camarão e cortar quiabo. Chego no ponto entre três e meia e quatro horas da tarde. Fico aqui de domingo a domingo. Eu e minha sobrinha que revessa comigo ?, conta ela.

Mas nem tudo são flores. A grande concorrência diminuiu vertiginosamente a vendagem de dona Rosalina. ?Antigamente vendia bastante. Agora que diminuiu um bocado…. Minha irmã e eu construímos casa com dinheiro do acarajé. Todo mundo hoje em dia vende acarajé né? Mas nem tudo mundo faz como se deve fazer?, brada com a autoridade a experiente quituteira.

A qualidade é algo imprescindível para a experiente comerciante. Mesmo com a ajuda da filha no preparo da massa dentre outras coisas, ela não deixa afrouxar as rédeas e inspeciona cada detalhe do processo. Com autoridade ela explica: ?Tem que ver a temperatura do óleo. Muito quente o acarajé não assa por dentro. É igual bolo: o bolo queima e não assa por dentro. A massa do feijão tem que ser do dia! ?, ressalta. Para quem ainda não experimentou fica a mensagem: ?Venham aqui para experimentar e ver a qualidade do nosso acarajé?. Alguém duvida?

Tiago Queiroz
Tiago Queiroz
Graduado em Comunicação/Jornalismo, e exerce as funções de Editor e Coordenador de Jornalismo do Portal NORDESTeuSOU

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