O último final de semana foi de vitória, superação e orgulho para o bairro Nordeste de Amaralina. O nadador Samuel Bahiense, de 18 anos, morador da Rua dos Posseiros, conquistou o bicampeonato na travessia entre Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), durante a etapa da Copa Brasil de Maratonas Aquáticas. Com um desempenho brilhante, ele subiu ao pódio mais uma vez e celebrou não só a vitória, mas a trajetória de resistência que o trouxe até aqui.
“A sensação é sempre a mesma: dever cumprido. Quando eu subo no pódio, tenho certeza de que estou no caminho certo e que todo o meu esforço está sendo recompensado”, afirma o jovem atleta.

Samuel começou na natação ainda criança. “Comecei a nadar aos 8 anos e foi amor à primeira braçada”, relembra. Com o tempo, os treinos se intensificaram para oito sessões semanais, e sua dedicação só aumentou. Durante a pandemia, ele precisou se afastar das piscinas. Em 2022, enfrentou o luto pela perda da mãe, sua maior incentivadora. “Voltei a nadar como forma de tratamento. Perdi minha mãe no dia 22 de agosto de 2022 e entrei em um quadro depressivo. Hoje posso dizer que a natação me salvou. Nado acreditando que ela vai estar na chegada me esperando.”
A travessia entre Petrolina e Juazeiro teve 1,5 km de percurso nas águas do Rio São Francisco. Para Samuel, a maior dificuldade foi lidar com a temperatura da água e as correntes variáveis do Velho Chico. Apesar disso, ele se destacou com uma melhor colocação no geral: subiu do 20º para o 4º lugar geral, mantendo o 1º lugar na sua categoria. “Vejo que estou crescendo como pessoa e como atleta”, avalia.

A travessia teve 1,5 km nas águas do Rio São Francisco. Para Samuel, a maior dificuldade foi a temperatura da água e as correntes instáveis. Ainda assim, ele melhorou sua colocação: saiu do 20º para o 4º lugar geral, mantendo o 1º lugar na categoria. Além de bicampeão da travessia Petrolina–Juazeiro, é o atual campeão da prova de maratonas aquáticas Gamboa x Morro de São Paulo e foi eleito o melhor atleta da categoria Júnior do Campeonato Norte e Nordeste Brasileiro, com sete medalhas conquistadas, dentre outras expressivas posições de destaque no cenário baiano e regional.
Representar o Nordeste de Amaralina em uma competição nacional tem um significado especial para o jovem nadador. “Ser daqui é carregar nas costas a força de um povo que, mesmo com tantas dificuldades, nunca desiste de sonhar. Sou exemplo vivo de que a ‘’quebrada’’ também sai campeões. Quero mostrar para os mais novos que o esporte transforma vidas, assim como transformou a minha.”
Hoje, Samuel treina pela Equipe Mar Aberto, sob o comando do técnico Paulo Conceição, no Clube 2004 da Bahia. Recebe apoio das empresas Uniclima Climatização e Edshop, que cobrem gastos com competições e viagens. No entanto, ele ressalta que os desafios ainda são grandes. “A natação é um esporte muito elitizado. Os equipamentos são caros e, mesmo com o apoio, é difícil manter tudo em dia. Trajes, óculos, toucas… nem sempre dá pra comprar o que é ideal.”

Com metas bem definidas, Samuel não esconde sua ambição. “Quero ser o melhor. Estou lutando para melhorar meus tempos, conquistar índices importantes e disputar competições de alto nível, no Brasil e fora.” E finaliza com a confiança de quem carrega a comunidade no peito: “Vocês ainda vão ouvir muito falar de mim. Podem esperar um dos melhores nadadores que a Bahia já conheceu.”