Circuito Mestre Bimba: folionas comentam músicas que consideram “politicamente incorretas”.

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Como diz o trecho da canção do grande Caetano Veloso: “Atrás do Trio Elétrico só não vai quem já morreu”, chegou o momento de exaltarmos o carnaval, uma das festas mais aguardadas pelos moradores do Nordeste de Amaralina. Cair na folia, extravasar, dançar, paquerar, beijar na boca, ir atrás dos 70 blocos que desfilam e animam o Circuito Mestre Bimba. Blocos estes que trazem musicas de todos os ritmos, desde atrações para crianças, jovens, adultos e para o grupo da terceira idade. Porém, o momento que deveria ser de pura diversão tem virado pesadelo para algumas folionas.

“O carnaval é lindo, porém, tem letras que deixam a desejar, pejorativas. As mulheres merecem respeito em todas as áreas e ambientes. Nada de “cachorra” ou “cadela”. São músicas que ofendem a mulher. Os compositores e os músicos deveriam ser seletivos nas suas playlist. Uma arte tão bonita, poética, não deveria colocar a mulher neste papel”, repudia o ator Francisca Alvez, moradora do Vale das Pedrinhas.

Para Cristina Oliveira, comerciante no circuito a situação ainda agrava machismos: “Sou uma mulher guerreira, criei meus três filhos sozinha, dei o melhor que pude, com muita garra. Vem músicas que vai de encontro à luta da mulher, colocando a mulher em um papel inferior, tratando como objetos, de uso e descarte. Abomino essas canções. O respeito deve existir em tudo. Essas atitudes só reforçam o quanto a sociedade continua machista. Essas ditas “músicas” disseminam o machismo por meio das canções para as pessoas”, comenta indignada a comerciante.

A foliona Mara Rúbia, acredita que não deve ser levar tão a sério: “Nós como mulheres devemos sim, nos importar com as músicas, com seu conteúdo, mas agora como no carnaval, fica mais intensa, nos jogamos, dançamos, balançamos a bunda. A mulher é livre pode fazer o que ela quiser. Nossos corpos, nossas regras. A música tá ai, elas gostam. No momento de festa ninguém se importa. Deveria existir um filtro, mas não existe, por esse motivo não acabará”, comenta a foliona.

Conversamos com a ativista pelos direitos das mulheres, Adriele do Carmo, que faz um alerta: “Existem músicas que fortalecem estereótipos e são negativas para a imagem da mulher e existe a Lei Antibaixaria(12573\12), é necessária para que o Estado não patrocine esse tipo de conteúdo, e que essas letras não sejam ainda mais disseminadas. Porém, para mudar a cultura machista que torna comum letras pejorativas para mulher é conscientização para homens e mulheres. Por isso campanhas como “Respeita as Minas” são tão necessárias, para conscientizar a sociedade”, explica a ativista.

Luis Lago
Luis Lago
Amante da Literatura, apaixonado pelas Letras. Discente de Letras Vernáculas e Língua Inglesa, poeta, escritor , blogueiro, professor e Repórter do site NES.

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