No último domingo (13), mais uma jovem teve sua vida interrompida de forma brutal em Salvador. Ana Luiza Silva dos Santos de Jesus, uma estudante de apenas 19 anos, voltava do mercado e se preparava para assistir ao jogo do Bahia com a família — um momento comum, de rotina, de afeto. Mas sua história foi interrompida por balas perdidas após uma operação policial no bairro da Engomadeira. Ana Luiza não resistiu.
E eu me pergunto: até quando vamos assistir a esses episódios com tristeza, mas sem mudança? Quantas “balas perdidas” ainda precisam encontrar corpos inocentes para que a forma como se faz segurança pública neste país seja revista com seriedade?
“Ele desceu atirando, não sei em quem. Não sei se tinha vagabundo, mas independentemente, não é certo entrar na rua cheia de cidadãos de bem, atirando”, relatou um familiar em desespero. E essa fala resume tudo. Não é aceitável — e nunca será — que comunidades inteiras vivam sob a ameaça constante de operações policiais mal planejadas, que muitas vezes ignoram a presença de moradores, trabalhadores, mães, filhos.
Ana Luiza não era suspeita. Era estudante. Era filha. Era jovem. Tinha sonhos. Sua morte não pode ser apenas mais uma estatística. Ela representa o grito abafado de milhares de famílias que vivem à margem da segurança, mas no centro do perigo.
Não se trata de ser contra a polícia. Trata-se de ser a favor da vida. A favor de uma atuação responsável, com inteligência, com preparo. Uma operação que coloca em risco vidas inocentes não pode ser considerada bem-sucedida, não importa o resultado.
O que aconteceu na Engomadeira não é um caso isolado. É o retrato de um problema estrutural. Enquanto nada mudar, outras Anas podem ter o mesmo destino. E nós não podemos aceitar isso em silêncio.
