O BBB 24 chegou ao fim nesta terça-feira (16) e consagrou Davi como campeão com 60,52% dos votos. Além de receber o maior valor já pago pelo programa — foram R$ 2,9 milhões —, o baiano de 21 anos se tornou o primeiro homem negro a conquistar o primeiro lugar do Big Brother Brasil. Em 2020, foi Thelma a primeira mulher negra retinta a chegar lá.
Desde o início do programa, há 100 dias, Davi foi muito confrontado e apontado por seus adversários. Em dado momento ele chegou a ficar isolado na casa. Aqui fora, grande parte do público enxergou algumas falas e atitudes de alguns participantes como racistas.
Apesar do favoritismo desde o começo, Davi sofreu ofensas via redes sociais. Os ataques foram repudiados pelos representantes do participante e até denunciados ao MP da Bahia. O Ministério Público, por sua vez, protocolou a denúncia e abriu um inquérito para identificar os responsáveis.
Desabafo sobre racismo
Na semana que virou líder e, consequentemente, o primeiro finalista do programa, o brother desabafou com Isabelle sobre situações preconceituosas que viveu fora da casa. O motorista de aplicativo falou que quer andar na rua ou ir para a faculdade sem ser olhado diferente por causa de sua cor.
“Virar doutor vai ser um sonho de infância. Só de pensar que vou chegar na faculdade com o carro, parar meu carro no estacionamento e ir para faculdade estudar tranquilo, só focar em estudar e voltar para casa… Focar nos estudos assim e dar orgulho para minha mãe. Um jovem que nem a gente que é preto, pobre, a gente não tinha dinheiro… Andava com uma roupa meio assim e já ficavam olhando. É f*da chegar um topo desses aqui. Por mais que falem que o público gosta de você, a gente sabe que existe racismo! O racismo existe. Tem pessoas, sim, que ainda hoje têm essa forma de olhar diferente para as pessoas que são pretas, que não têm muitas condições. É complicado! […]”, disse ele.
Em seguida, ele comentou sobre um caso de racismo que presenciou no Farol da Barra, em Salvador, na Bahia. O brother contou que andava pelo local e tinha um rapaz atrás dele e duas meninas a sua frente.
“Só que eu não vi o rapaz atrás de mim. Ele estava andando normal e elas começaram a olhar para trás. Pegaram a bolsa, esconderam a bolsa… Eu tava tranquilo e até parei de andar muito rápido para não pensarem que eu estava indo atrás delas. Elas começaram a acelerar o passo. O rapaz começou a chorar. Na hora eu falei ‘boa noite, aconteceu alguma coisa?’ e ele ‘não, é que as meninas saíram correndo, porque pensaram que eu iria assaltar elas e não sou assaltante, não. Só estou fazendo minha caminhada’. Poxa, aquilo me doeu! Eu falei: ‘Só pela nossa cor a gente já é julgado’ e o racismo existe! Aquilo me tocou muito. Eu dei conforto a ele, mas aquilo me cortou o coração”, finalizou.