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Jandira Santos um exemplo de mulher e de superação do Nordeste de Amaralina

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Jandira Santos é um exemplo de humildade, perseverança, atitude, determinação e amor. “Eu vim do Vale, a luta é grande, a guerra é grande, mas meu Deus é maior ainda”, explica com as mãos em forma de oração.
Filha mais velha de quatro irmãos, teve uma infância dura. Desde seus 11 anos de idade ajudava a mãe no sustento da casa e lembra das dificuldades da época. “Eu passei fome. Precisava ajudar minha mãe a criar seus filhos. Como era a mais velha, cuidava de cada um como se fossem meus próprios filhos. Desde os onze anos de idade já estava na cozinha. Nunca tive meu pai presente para mim ajudar, nunca me deu nada”, relembra.

Diante das dificuldades que enfrentou na infância e adolescência, Janda se recorda com carinho das palavras de ensinamentos da sua mãe: Filha, mesmo com as fortes atribulações Deus é conosco, vamos vencer! “Sempre tive uma fé ativa dentro de mim, acreditava em dias melhores. Minha mãe não abria mão dos meus estudos e sempre falava que a educação era a via de transformação. Ela também me ensinava da importância de amar o próximo, que éramos humildes mais deveríamos sempre batalhar para conseguir realizar os sonhos, de forma honesta e digna, sem passar por cima de ninguém. Não pegar o que é dos outros, buscar ser sempre corretos. Ensinamentos no qual levei para meus filhos”, comenta.

Janda se tornou mãe muito nova e se viu obrigada pela vida exercer função de mãe e pai devido à ausência do marido. “Tive meu primeiro casamento com apenas 17 anos de idade, no qual tive o meu primeiro filho, minha primeira bênção. Na verdade, minhas três bênçãos, pois, tenho três filhos no total. Essa foi mais uma provação que passei na vida. Fui mãe e pai, precisava sustenta-los e não queria priva-los de ter uma boa educação”, destaca.

Sendo uma mulher guerreira e de fibra, ela precisou desempenhar várias funções para garantir o sustento dos filhos e não se envergonha em dizer: “Olhava para meus filhos e queria dar o melhor. Trabalhei de varias coisas. Meu primeiro emprego foi ajuntar pisos. Já trabalhei na sinaleira como panfletista, já vendi mingau na feira do Nordeste, garçom e outros. O importante era não faltar nada para eles, para que nenhum deles viesse pegar nada dos outros, tinham o almoço na hora certa, o lanche na hora certa, roupa, sapato. Nunca deixei faltar nada. Sou guerreira não temo a luta, o meu Deus me sustenta. Batalhei para não faltar o pão de cada dia dos meus filhos”.

Com sua criatividade e experiência Janda sustenta a si mesma e sua família com seus deliciosos pasteis. Salgado no qual a deixou conhecida na comunidade. “Eu comecei há nove anos, quando minha irmã me ensinou a fazer os pastéis, mas eram aqueles pastéis clássicos (queijo e presunto), fomos juntando as coisas, recheando das nossas formas… Era tudo muito clássico, criamos e recriamos, lançamos os sabores com o gosto da galera. Cozinho com amor. Quando uma mãe prepara uma mamadeira para seu filho, ela faz com muito amor, zelo e carinho. Assim sou eu no preparo dos meus pasteis. Tudo deve ser feito com amor”, conta a caprichosa comerciante.

Segundo a comerciante o principal ensinamento que adquiriu dos altos e baixos que passou na vida foi à fé e a família: “ Já passei por muitas provas na minha vida. Teve dias de olhar e não ter nem o açúcar nem um punhado de farinha para colocar na minha boca. Então, para a gente ter alguma coisa na vida passamos por muitas situações, nunca tiver uma vida fácil. Meu pai foi ausente, nunca meu ajudou em nada. Minha mãe teve muitos filhos, precisava cuidar deles. Não tive infância. A vida me ensinou muita coisa, tudo foi um aprendizado. Com minha fé no Senhor pode levantar dez muros mais Deus derruba, e eu passo! Temos que ter fé, forca de vontade e dizer “eu vou vencer”, eu quero aquilo para minha vida e lutar, suar a camisa e ter. Eu não tenho casa, moro andando. Mais tenho o principal a glória do Senhor!”, destaca.

Organizada e empenhada no que faz ela relata até ser perfeccionista tanto no ambiente de trabalho quando na limpeza, e que a satisfação do cliente é o seu maior prazer. “Você não vai chegar aqui e comer um pastel cheio de óleo, nem uma coxinha fria, o que eu quero é que o cliente vá e ele volte”, pontua.

Mesmo diante das dificuldades vividas Janda não deixa de lado sua vaidade. “Todos os clientes são bem atendidos e a minha aparência também conta. Aprendi no curso de garçonete que precisamos fazer uma mega produção para os clientes. Arrumo meu cabelo, passo brush, colocou o avental bonito, roupa adequada e meu pulo do gato é o “boca louca”, meu “batonzão” que dar um destaque no look e os clientes adoram(risos)”, comenta.

Recente Janda passou por uma grande decepção e destaca. “A força vem do alto e da nossa base que é nossa família. Há menos de seis meses perdi meu filho, de uma forma trágica. Perguntei – Porque eu Deus? Logo eu Senhor? Junto de muito tristeza veio o inicio da depressão, só quem já passou pela dor de perder um filho sabe o quanto é duro para uma mãe. Está sendo muito difícil, mas minha família, Deus e seus ensinamentos estão me fortalecendo. Vou vencer mais essa. Orei bastante e falei para mim “- Jandira força! Continua. Busco fazer o que gosto, os meus pastéis e junto recebo o carinho dos meus clientes, me fortalece. Muitos perguntam como suporto tudo que passei e passo na vida, então, respondo com um sorriso enorme Deus me sustenta, sou guerreira. Paro e olho para meus filhos e meu neto pequeno, eles precisam de mim, não posso fraquejar. Vou a lutar e minha vitória chegará!”, desabafa.

A comerciante trabalha de domingo a domingo, o segredo da vitória é a determinação e a bondade, aproveitando o dia das mulheres, ela deixa um recado para todas as mulheres do Nordeste e região. “Não devemos ter medo e nem vergonha de trabalhar, e sim coragem para enfrentar todos os obstáculos por que no final a vitória é certa. Somos guerreiras, feliz dia da Mulher”, diz.

Para esta guerreira não tem tempo ruim, mesmo com a crise financeira o que não pode é ficar parado. Ela criou pasteis a preço que cabe em todos os bolsos. “Tem dia que procuramos quatro reais no bolso e não encontramos, então, criei pasteis para todos os bolsos. Temos de 0.50(cinquenta centavo), 1.00(um real) e o de 2.00(dois reais), todos eles tem várias opções de sabores e com muito recheio. Gosto de ver a satisfação no olhar dos meus clientes”, destaca.
Esse é um exemplo de mulher guerreira da nossa comunidade, e que existe tantas outras espalhadas por todo Complexo do Nordeste de Amaralina. Para cada uma Delas, eu, Luis (esse que transcreve essas mal traçadas linhas) desejo um feliz dia da Mulher! Que cada dia seja a soma de militâncias e grandes conquistas na sociedade. Que cada uma possa ser amada, respeitada e valorizada todos os dias. Parabéns, guerreiras!

Luis Lago
Luis Lago
Amante da Literatura, apaixonado pelas Letras. Discente de Letras Vernáculas e Língua Inglesa, poeta, escritor , blogueiro, professor e Repórter do site NES.

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