A modelo e produtora de elenco, Veronika San’ttana, que em outubro do ano passado foi impedida por um segurança de sair de uma das filiais da rede de mercado Atacadão, localizada em Camaçari- BA, sob alegação de que teria consumido um iogurte sem pagar na loja, denunciou a situação e está recebendo acompanhamento jurídico e psicológico, por meio do Centro de Referência Nelson Mandela.
(Relembre o caso: http://www.nordesteusou.com.br/nes-antigo/noticias/item/1743-modelo-do-nordeste-de-amaralina-e-vitima-de-preconceito-em-um-grande-mercado)
No período, a modelo revelou que estava muito abalada com o ocorrido. “Infelizmente a cada dia que passa, nós somos discriminados, ofendidos, chicoteados, acusados, só pelo fato de sermos negros”. A moça não se calou e denunciou o caso. A denúncia está em andamento na justiça.
Infelizmente o caso de Veronika não é isolado, cotidianamente negros e negras são vítimas do racismo, sendo que na maioria dos casos a denúncia não é formalizada. Descrença na justiça, medo de retaliação e falta de informação são fatores que impedem a vítima de denunciar os casos.
O centro de referência Nelson Mandela, entre 2013 e 2017 atendeu e encaminhou 385 casos de racismo, intolerância religiosa, e outras situações do gênero. O centro oferece orientação jurídica, apoio psicológico e assistência social para que as vítimas possam não só denunciar, mas também ser acolhida e amparada.
Opinião
O racismo é uma mazela social e estrutural que está enraizada na sociedade brasileira. O problema é herança da escravidão e está em todos os setores e instituições.
Por muito tempo a ciência legitimou, através de teorias que criminalizam negros, a discriminação racial e a ideia de que pessoas negras são mais propensas a cometerem crimes, o que é uma crença completamente errônea e racista, que foi criada pelos colonizadores e pelas classes dominantes da sociedade para justificar a situação desigual que se encontram os negros no Brasil.
Com o processo de escravidão, qual o Brasil viveu quase 400, as pessoas negras tiveram seus direitos básicos negados, e essa negação de direitos reflete nos tempos atuais.