por Betho Wilson
Hoje eu acordei com uma ideia fixa na cabeça: a de aprender para ser.
Essa pandemia do novo coronavírus que já dura aqui no Brasil um ano e sete meses desde o primeiro caso em fevereiro do ano passado fez milhares de vítimas, pessoas que perderam suas vidas para essa doença e teriam certamente celebrado bastante a vacina caso tivessem tido acesso. É do conhecimento de todos como funciona a vacina, ou deveria, e como ela protege em quase 100% dos casos graves evitando mortes e mais dor.
O fato é que ao despertar nessa manhã fui levado a um lugar de raciocínio óbvio, mas que de alguma forma a minha consciência (Orí) quis dar esse grito para mim, aprender parar ser.
Vamos lá. Aprender de quem?
Armazenamos informações antes mesmo de nascer, fato. Ainda na barriga somos bombardeados de estímulos emocionais da própria genitora que carrega aquele novo ser desde as diversas vozes externas que o bebê escuta e sente, nascemos no parto, vivemos desde o ventre. (Nota. Não quero, ao menos agora, tratar de questões à cerca da legalidade ou não do aborto, minhas convicções estão para além desse momento, mas adianto que sou a favor de toda liberdade sobretudo da quem deveria poder decidir sobre si, nesse caso as mulheres).
Aprender é uma das maiores e mais belas formas de desenvolvimento que temos, mas como nada é perfeito, em muitos casos aprendemos o errado com quem não tem nada a ensinar, aprendemos a ir de encontro a nós mesmos muitas vezes por ideologias de cegos que tentam nos guiar para o cerne de sua limitação e não sei por que cargas d’água aceitamos tais lições como verdade mesmo sentindo na pele a dor de ir contra a si.
Aprender com a natureza, o planeta e toda a sua quântica formação, com os mais velhos e os mais novos também, pois todos carregamos experiências próprias nos cabendo apenas o filtro para saber separar o que nos serve do que nos perde. Adquirir conhecimento na condição de quem um dia será o próprio legado vivo de quem veio antes e se tornou espelho (abebé-autoconhecimento), aprender para ser.
Ser o quê?
Ser o que faz! Todo conhecimento implicitamente nos leva para o front, ação, caminhar topando, caindo, levantando e sendo exemplo vivo, prático das histórias do passado que se repetem em nós e a partir de nós.
Inevitavelmente lembro de tantas senhoras e inúmeros senhores que pude conviver aqui na nossa comunidade, poderia passar a cita-los por todas as próximas 100 linhas do texto e ainda assim faltaria espaço para listar os momentos onde foram exemplos para mim. Eles foram, não se furtaram em momento algum de fazer o que um adulto deve fazer no ceio de sua comunidade (egbe), ser extensão do cuidado e formação dos mais novos sem excessos mas também sem se furtar da obrigação de juntos aos pais daquele ou daquela infante de apontar o melhor caminho.
Ser e o ápice do aprender.
Se o que você adquiriu em anos de vivência seja lá quais foram os caminhos trilhados, se o que você absorveu dos que vieram antes, qualquer fundamento ou lição, ensinamento ou propósito, seja no conhecimento de uma planta para chá, ou construção de um brinquedo, cantiga de roda, capoeira ou alquimia culinária, seja lá no que for que você construiu sua base, seu fundamento, é obrigação sua fluir como um rio e matar a sede do saber dos seus iguais, não espere para sentar no alto da montanha da vaidade intelectual porque ela te transformará numa toga arrogante e desnecessária para nós, para os seus. Traga todo o seu aprendizado que é você mesmo em plenitude e derrame-o regando seu igual que assim florescerá o jardim de todos.
O filtro é a consciência ligada, cabeça sempre saudável (olho de horus), entender o entorno para absorver dentro o que realmente cura e assim transbordar plenitude.
Beijo e bom final de semana.