por Betho Wilson
Eu hoje quero partilhar com vocês como me sinto em relação ao tempo, essa dimensão da física que no universo muda sua estrutura passando mais rápido ou mais devagar, mas que ainda assim é implacável.
A sensação de imortalidade que carregamos desde que nascemos nos faz perder a noção da força que o tempo exerce em nossa vida e em tudo ao nosso redor. Te convido a observar o comportamento de uma criança e fazer uma anamnese de sua época infantojuvenil. Garanto que vai recordar de como a vida parecia uma eterna experiência intensa de risos e conhecimento onde viver integrado ao ambiente que te rodeava era a única coisa importante de fato.
Mas o tempo ao passar nos leva e com ele nosso vigor, nos deixando as lembranças, recordações de quando tínhamos o corpo fervilhando de hormônios e emoções. O tempo está aí desde que o universo se formou e permanecerá por mais bilhões de anos até o colapso ou não do universo como conhecemos enquanto nós muito provavelmente deixemos de existir nesse meio tempo, haja vista sermos apenas um sopro de vida comparados a idade dos astros e estrelas.
Aí você provavelmente está se perguntando se a coluna cultural virou blog de física, e eu te respondo que nesse meio tempo que estamos vivendo uma pandemia mortal ceifadora de milhões de vidas pelo mundo onde em um curto espaço de tempo, 20 meses até aqui, serviu como uma grande escola onde todos foram obrigados a estudar e aprender sobre o real valor das coisas e o que de fato importa parece que não aprendemos nada!
Os indicadores de violência explodiram no nosso país como uma explosão de uma estrela de nêutron. Feminicídios quase que diários, casos de homofobia explícitos e dando ao criminoso milhares de seguidores, violência exacerbada por conflitos e rixas entre organizações criminosas, bala perdida antes vista raramente em noticiário de outros estados ocorrendo aqui com uma frequência assustadora e, o tempo impiedosamente passando por cima de nossas cabeças enquanto nos matamos aos montes mais até do que vírus e bactérias mortais que surgem ao acaso como num filme de terror onde ao final não resta um. Estamos vivendo sem saber viver. Estamos existindo sem saber para quê. Geramos e matamos a vida num ciclo onde a motivação é o ter.
É óbvio que conheço e reconheço algum esforço de poucos que remam contra essa maré, esses são uma minoria inclinada ao trabalho de dividir para multiplicar, eles entenderam que o tempo é mais forte que a morte pois esta para chegar precisa da permissão dele e muitos dos nossos estão ficando sem tempo para reagir aos estímulos da vida. Quem não conhece ou não viveu uma situação onde a partida de alguém especial se deu “fora do tempo”? Todo mundo já se chocou com uma morte prematura e questionou se estava utilizando bem seu instante na terra.
Se a convivência com um vírus letal não nos ensinar que a hora de Ser é agora, então estamos fadados a um trágico final.
Vá lá e dê tudo o que você tem pois tudo o que você tem é o agora, é o hoje
Bom feriadão!!
Em memória de Letieres Leite