Por Betho Wilson
Fala meu povo, todo mundo na plenitude por aí? Eu aqui estou me sentindo ótimo.
Semana das crianças e quem deu um rolé (sim, sou da época do rolé e não do rolê) pela comunidade com certeza ficou com o coração cheio de amor e alegria ao ver tantas ruas lindamente decoradas, enfeitadas de cores e sabores, com brinquedos e quitutes variados, muita música e diversão, além de gincana e jogos com distribuição de brindes e brinquedos para nossa molecada. Cada esquina tinha um ponto de encontro desse, e isso foi lindo!
A tempo venho tratando, falando com vocês aqui letra por letra, frase por frase, parágrafo após parágrafo sobre autonomia, essa tecla que eu bato incansavelmente porque é nessa pauta que enxergo real possibilidade de transformação de nossa condição precária no âmbito dos serviços públicos e de todo o descaso de que somos alvo.
Autonomia é sinônimo de liberdade e liberdade é o real poder de que precisamos para viver plenamente o que e quem nascemos para ser colocando todo o nosso potencial para fora em prol de nós mesmos transbordando para nossa comunidade e transformando-a como que um vulcão em erupção que se derrama em magma mudando todo o seu entorno dando mais espaço e tamanho ao território onde está localizado.
Grupos distintos, pessoas normais, moradores do complexo que, para além de suas ideologias, partem para a ação no intuito exclusivo de gerar risos e bem-estar, esses rostos de hoje, que fazem a engrenagem sociocultural mover-se independentemente da ajuda do estado que ainda tenta roubar para si os louros e méritos de tais eventos gratuitos, rostos conhecidos do bairro, que mantém viva uma tradição transmitida por homens e mulheres do passado, e que marcaram suas infâncias, estão apenas mantendo vivo aquilo que para mim, é o maior legado que observo no Nordeste de Amaralina: nós por nós.
É tão natural a gente se querer bem, se proteger, agir como tio e tia dos filhos dos vizinhos e, assim, participar do processo educacional da rua, da porta de casa, plantando ensinamentos em prol do coletivo e se alegrando com o resultado positivo ao ver boa resposta moral quando a criança chega à vida adulta que, para quem não entende o processo, fica difícil se permitir invadir tão intimamente por esse projeto de vida, pois não consegue compreender o sentido de comunidade, de grupo, grupo que caça junto, que luta junto, que reivindica unido, que alcança junto liberdade. Somente quem vive essa proposta na plenitude sabe o prazer de ver um sorriso infantojuvenil de um dos nossos pequeninos numa deliciosa manhã de 12 de outubro.
Eu curti e vivi o dia das crianças vendo esses pequeninos entregues a alegria das brincadeiras, ali eles estavam inteiros e preocupados apenas em aproveitar cada fração de tempo que lhes foi ofertado.
Eu te convido a ser esse mobilizador que sobressai os textos das redes sociais e mete a mão na massa com ações buscando a perpetuação do sentido de ser família, comunidade, grupo, egbe.
Um grande beijo e até mais ver.