“Um menorzin’ sem expectativa, doido, pensando em mudar de vida encontrou o suporte e oitão, garro’ a vida e pegou no plantão”
Nos versos dessa letra de Oruam que eu começo esse artigo de Opinião, morar dentro da periferia não é fácil diariamente temos que provar o quanto somos bons. Sem suporte do estado e, por muitas vezes até da família, o menorzin encontra um suporte no “oitão”. Um grande amigo sempre fala: “só nós sabemos onde pinga dentro de nossas casas e ninguém sai sem pagar a conta”.
A cada semana a notícia é a mesma: “jovem morre em confronto com a polícia”. Sempre utilizam o termo “auto de resistência”, uma espécie de pena de morte sem precedente para justificar mais uma morte dentro da favela.
Historicamente, as periferias de Salvador enfrentam violações cometidas pelos órgãos do Estado, principalmente no que se refere ao tema da segurança pública. Neste espaço empobrecido, tendo em sua maioria uma população negra, a ordem para matar é legitimada pelos próprios governantes a partir de um falso discurso de guerra às drogas.
Mas como mudar esse cenário? Será que é realmente preciso investir em segurança pública quando a educação é deixada de lado? De que adianta construir escolas modernas com altos investimentos se os professores não têm um salário digno?
Nesse final de semana mais uma mãe chorou a perca do seu filho, morto por um sistema que foi feito apenas para matar preto, pobre de dentro da periferia. Será que o estado realmente está preocupado com essas pessoas? Será que os candidatos que aparecem nas comunidades atras de voto pensa nessas mães e adolescentes que perdem suas vidas por esse sistema?
A dor de perder um filho é irreparável para qualquer mãe. A dor ainda é maior por não ter com quem contar ou recorrer por justiça. O que é preciso saber pra a gente mudar esse triste cenário? Como podemos mudar essa história, de quem é a culpa?
