Por Iure Alcântara dos Santos Barros*.
Há mais de um ano de pandemia, é visível nas redes sociais, televisão, rádio, dentre outros meios de comunicação, o envolvimento social sobre os principais problemas causados pelo vírus da COVID-19, embora no período pandêmico, os problemas fora intensificado, muito deles já se fazia parte do cotidiano de alguns brasileiros, sejam as dificuldades enfrentadas pelo uso do Sistema único de saúde ( SUS), saneamento básico, a luta por uma escola pública de qualidade, fome, dentre outros que o rápido texto não nos permite descrever, mas quero chamar atenção para a volta as aulas, não me refiro apenas a rede pública de educação, mas as escolas de modo geral.
Embora seja claro a letalidade do vírus, as disputas de ‘’poder são evidentes, não podemos ignorar que nesse tempo, enquanto vidas lutavam na UTI por cada suspiro, outros grupos articulavam maneiras de se manter economicamente, cada um buscando justificar suas razões para o funcionamento daquilo que mantém o seu negócio, comércio, ou qualquer outra forma de trazer uma renda para a sua própria manutenção, sem nenhum pretexto para hipocrisia, a economia importa e muito. Mas a principal questão é, como comparar a escola ao Shopping? Praia? Supermercado?
Como justificar as frases ‘’eu preciso trabalhar e meu filho irá ficar com quem? As aulas precisam voltar, pois muitos alunos fazem a única refeição na escola? Será que o que está em jogo é uma educação de qualidade pensando nos sujeitos envolvidos no espaço escolar? Ou a culpabilização de outros problemas enfrentados socialmente que os órgãos governamentais não buscam soluções e os mesmos responsabilizam a escola? Que as mesmas se desdobram para assim o fazer. Mas os professores estão ganhando sem trabalhar? O que a sociedade sabe sobre ser professor?
Você entende o trabalho docente apenas como alguém que esteja em sala de aula tomando conta do seu filho enquanto você trabalha? Ou um profissional especializado para o seu exercício que dispõe de horas de planejamentos, é plano de aula, de ensino, programação de atividades, fora os outros problemas que temos que lidar e que deveríamos dizer não, mas a nossa humanidade em reconhecer os desafios sociais grita mais alto, mas foi em nome dessa humanidade e pressões financeiras, que gestores, professores perderam sua vida pela letalidade do vírus, mas o que ocorreu, reconhecimento do trabalho? Luto oficial do estado por três dias? Ou foi substituído rapidamente por outros, é preciso refletir sobre essa ‘’necropolitica’’.
Se faz urgente desmascarar essa invisibilidade dos sujeitos, a importância do aluno estaria medida apenas no espaço escolar? Qual assistência que lhe é dada além dos ‘’muros da escola’’? Em anos de desvalorização do processo educacional, bastou um ano e meio para se destacar a importância da escola? Será que não entendemos que o problema não é por não querer ir à escola, se assim o fosse, já teríamos desistido, por dar aulas em salas com medo de o ventilador cair em nossa cabeça, por adentrar em localidades que a violência assusta, dentre outras que não nos cabe publicizar.
Estamos cientes do alto número de professores desempregados, mas o simples retorno não ameniza o problema, todos nós estamos ansiosos para voltar ao presencial, afinal esse remoto vem nos consumindo, porém o que tem gritado e deve gritar mais do que o medo do corte do salário, redução da carga horária, ou até demissão, é o medo da morte, não somente a nossa e sim dos nossos, em uma pandemia que já ultrapassa no Brasil meio milhão de mortos, temos que defender é, vacina para todos.
Esperançoso, otimista e com muita fé, termino esse texto o conduzindo a uma reflexão da brilhante Conceição Evaristo, ‘’ esse sistema combinou em nos matar e nós combinados em não morrer.
Resistam colegas!
*Dados sobre o autor.
Licenciado e Bacharel em História- Universidade Federal da Bahia.
Pós Graduado em Metodologia do Ensino de História.
MBA em Educação.
Mestrando em Educação- Universidade Estadual de Santa Cruz.
Membro do GRUPPHED- Grupo de pesquisa em Política e História da Educação.
Professor EBT de História do Instituto Federal de Educação Baiano.