Dia da baiana de acarajé: Mulheres do Nordeste de Amaralina que mantém a tradição viva

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Ontem, 25 de novembro, foi celebrado o Dia da Baiana de Acarajé, uma data para reconhecer e valorizar essas mulheres que representam mais que um prato típico: elas carregam a história, a cultura e a resistência de um povo. No Complexo do Nordeste de Amaralina, as baianas moldam suas vidas em torno do tabuleiro, enfrentando desafios diários e mantendo viva uma tradição que transcende gerações.

A história de cada baiana é um retrato de luta e dedicação. Dona Cici, que trabalha no Largo de Amaralina há 63 anos, compartilhou um pouco de sua jornada: “Comecei com sete anos por obrigação de Santo. Hoje, estou ali por dois motivos: amor e algumas necessidades, pois o dendê já estava no sangue”, conta.

Dona Cici também lamenta as mudanças que impactaram o Largo, que já foi um ponto de encontro de 36 baianas: “Hoje, trabalham apenas cinco, e tem dias que não tem nenhuma. Isso é triste de ver”.

Maria Emília Bittencourt, com 65 anos de profissão, também enxerga no tabuleiro um papel maior que o de simples vendedora. “O que significa ser uma baiana de acarajé para mim é tudo. É gratificante, é recompensável. Educamos nossos filhos, somos tutoras, protetoras. Sentadas no tabuleiro, até de psicólogas servimos.”

Para Sueli Bispo, que aprendeu o ofício com a mãe e avó, a profissão de baiana é sinônimo de resistência. “Ser baiana de acarajé significa ser uma mulher forte, determinada para lidar com as dificuldades do dia a dia”, relata.

Sueli destaca que, apesar do reconhecimento ainda ser limitado, especialmente dentro da própria comunidade, o trabalho das baianas é valorizado por quem vem de fora. “As pessoas de fora nos valorizam bastante”, diz.

O tabuleiro é mais que um ponto de venda: é um espaço de convivência, memória e representatividade. Contudo, muitas enfrentam preconceitos, baixos ganhos e desvalorização, mesmo carregando nos ombros a responsabilidade de preservar um dos símbolos mais fortes da Bahia. Como disse Dona Cici: “Já sofri preconceitos, mas tirei de letra.”

“O papel da baiana na cultura é um papel de mãe, de tutora, de protetora.”, completou Maria Emília.

Confira o video feito pela nossa equipe de Produção:

Robert Santos
Robert Santos
Um taurino falando de tudo um pouco. Vez ou outra o assunto é sério. Tô sempre procurando maneiras melhores de viver a vida e reclamando no caminho porque ninguém é de ferro.

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