Trabalhadores do mercado formal e informal, catadores, cordeiros, ambulantes e uma infinidade de pessoas que aproveitam a folia de Momo para garantir uma renda extra e reforçar o orçamento doméstico: são eles, homens e mulheres, os verdadeiros protagonistas do Carnaval do circuito Mestre Bimba.
Não se trata de minimizar o papel dos blocos e das agremiações carnavalescas, atores fundamentais e também guerreiros que sustentam o Carnaval do Nordeste de Amaralina. O objetivo é, sobretudo, chamar a atenção da população para tentativas equivocadas de transformar a organização do maior e mais importante carnaval de bairro de Salvador em disputa político-partidária.
Se hoje o Carnaval do Nordeste de Amaralina é reconhecido como circuito oficial da festa, isso se deve ao trabalho de diversos atores ao longo do tempo. Não há um “pai” único ou exclusivo. O sucesso da festa é fruto de um esforço coletivo, da soma de muitas mãos. No entanto, o que se vê são muitos caciques para poucos índios.
Desqualificar a criação da Liga Carnavalesca do Nordeste de Amaralina, que de alguma forma tenta contribuir para promover melhorias e fortalecer o protagonismo das camadas mais populares, não passa de jogo de cena. Trata-se de uma estratégia para encobrir interesses políticos ou financeiros que tentam se apropriar de uma festa que pertence, antes de tudo, ao povo.
Seguiremos vigilantes e não iremos arregar. Acima dos interesses de A ou B estão os interesses coletivos. Boicotar ações que visam promover melhorias no circuito Mestre Bimba é jogar contra o povo: esse, sim, o verdadeiro protagonista da festa.




