Julho das Pretas no Nordeste de Amaralina: Voz do Axé homenageia Mestra Gisa no quinto Ajô das Pretas

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No sábado, 19 de julho, o auditório da Escola Polivalente do Nordeste de Amaralina foi palco da quinta edição do Ajô das Pretas. Promovido pelo programa A Voz do Axé em parceria com o Informe Nordeste, o evento integrou a agenda do Julho das Pretas — mês de luta e celebração das mulheres negras, que marca, no dia 25, o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e, no Brasil, o Dia de Tereza de Benguela.

Criado em 2019, o Ajô das Pretas é um espaço de celebração do protagonismo das mulheres do candomblé e de denúncia das desigualdades de gênero e raça nas periferias. Neste ano, o destaque foi a homenagem à Mestra Gisa — ativista social, educadora e multiartista com mais de quatro décadas de atuação no Nordeste de Amaralina. Referência viva da cultura afro-brasileira, Gisa é símbolo de resistência, afeto e ancestralidade no território.

Para Gilmara Santos, diretora e repórter do Voz do Axé, homenagear Gisa é reafirmar o propósito da iniciativa: visibilizar mulheres negras que constroem, com firmeza e generosidade, a história das periferias. “É fácil reconhecer quem já tem projeção. O desafio é potencializar as mulheres que resistem nas margens. Gisa educa, cuida, dança, canta, protege. Ela é potência viva”, afirma.

Emocionada, Mestra Gisa destacou a importância do reconhecimento dentro da própria comunidade: “São 40 anos de luta com a arte e a cultura. Nem sempre o reconhecimento vem de onde a gente planta, por isso esse momento é tão especial. A juventude precisa acreditar nos seus sonhos. Seja artista, capoeirista, percussionista… acredite e realize.”

Parceira de longa data da mestra, a cantora Di Cássia reforçou a simbologia do momento: “Celebrar o Julho das Pretas com Gisa no centro, aqui no Nordeste de Amaralina, é potente. Ela transforma vidas com projetos como o Mulheres Kizumba e o Arte de Dançar, formando crianças e jovens com amor e tambor. Eu sou uma dessas vidas tocadas por ela.”

A filha mais velha de Gisa, Odara, também emocionou ao falar sobre o legado da mãe: “Falar dela é falar de amor e força. Essa homenagem é dela e de todas as mulheres negras que seguem firmes, mesmo invisibilizadas.” Depoimentos de estudantes, amigas e companheiras de caminhada reforçaram a trajetória da mestra nos terreiros, nas escolas, nas rodas e nas ruas.

A programação refletiu a força da coletividade: café da manhã, roda de conversa, feijoada, música, lanche e o momento simbólico da homenagem, com flores, mimos e muito afeto. O Ajô das Pretas reafirma-se como espaço de resistência e celebração da potência política e ancestral das mulheres negras das periferias.

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