“Meu sonho é ter uma boa vida, além de poder comprar uma casa para minha mãe. Dar uma vida melhor pra ela e meus dois irmãos”. Esse é objetivo de Maria Eduarda de Jesus, 16 anos, moradora da Rua 11 de novembro, no bairro da Santa Cruz, e recém convocada para a seleção brasileira de boxe, na categoria até 60 kg.
Duda, como é conhecida a boxeur da Academia Novo Astral, soube que faria parte do time brasileiro em dezembro do ano passado quando disputava o certame nacional. A jovem tem um cartel de 15 vitórias em 17 lutas disputadas.
“A oportunidade de ser convocada surgiu durante a disputa do campeonato brasileiro, em Cuiabá. Fui campeã. Quando estava descendo do ringue, meu treinador veio me dizer que eu fui convocada. Foi num momento de muita alegria”, diz a jovem que já se juntou as outras atletas para um período de treinamento em São Paulo.
O sucesso obtido nos ringues, Duda credita também ao seu treinador, Gilvã Bispo:
” Agradeço a por tudo que além de um bom treinador, é um pai… Sempre veio me dando conselho, me motivando para o caminho certo e hoje agradeço a ele por ter me preparado para chegar até aqui”.
Mais velha entre os três irmãos, Duda conta que no começo precisou enfrentar a resistência de sua mãe, a dona de casa Adriana de Jesus, que relutava em deixá-la viajar sozinha:
“Mas com o tempo ela acabou percebendo que era meu futuro e decidiu liberar”
Estudante do nono ano, no colégio Sátiro Dias, no bairro da Pituba, Maria Eduarda ajudava a na renda de casa trabalhando com aluguel de cavalos, no Parque da Cidade, aos finais de semana:
“Além do boxe, pretendo estudar Educação Física, pois é uma área que eu me identifico e que já faço parte”.
Sua entrada nos ringues foi meio que por acaso. Chegada a uma confusão, como ela mesmo costuma falar, a atleta viu no boxe a oportunidade de se preparar para as lutas que costumava travar nas ruas do bairro onde cresceu:
“Eu era brigona de mais… Tirava uma onda de retada e queria sair batendo em todos que mexesse comigo. Eu achava que se entrasse no boxe ia ficar mais valente para bater nos outros na rua. Aí quando comecei a praticar vi que não era nada do que estava pensando. Comecei a lutar aos 12 anos”, explica.