“Meu filho é um menino de família. Isso já passou dos limites. A polícia não pode chegar assim, invadindo, metendo tiros e atingindo inocentes”, disse Rita Sant’Anna da Silva, 39 anos, mãe de Ryan Pablo Silva Santana, 15, que foi alvejado durante uma operação policial no início da noite desta quarta-feira (9), no bairro da Santa Cruz.
Ryan é aluno do 1º ano do ensino médio no Colégio Estadual Manoel Devoto, localizado no Rio Vermelho. Na fatídica noite, ele passava na companhia de um primo, de nove anos, pela saída do beco, na Rua São Jerônimo, quando foi surpreendido pelo tiroteio. O adolescente foi atingido no abdômen. Além de Ryan, um idoso e uma criança de quatro anos também foram atingidos.
“Eu ouvi o latido dos cachorros. Demorou um pouquinho e ouvi o barulho dos tiros. Saí correndo para ver meu filho. Minha tia começou a gritar na porta. Foi então que o pessoal veio me chamar… Quando fui ver, era meu filho que estava sendo carregado por um rapaz”, disse a mãe do jovem, que trabalha com higienização hospitalar em uma unidade de saúde da capital.
“Mais dois milímetros e ele poderia ter morrido. Foram afetados o fígado e o intestino dele. Ele está consciente, na UTI do Teresa de Lisieux, onde passou por uma cirurgia. Deus colocou esse anjo da guarda, que foi essa menina que o socorreu. Se não fosse por ela e pelo motoqueiro, ele poderia ter morrido. O médico disse que foi um milagre ele ter sobrevivido, pois perdeu muito sangue”, acrescentou Rita.
“Eu acho que, se ele fosse levado para o HGE, iam deixar meu filho morrer. No HGE, as pessoas que são do Complexo Nordeste de Amaralina eles deixam morrer, ainda mais se for de tiro… A moça que o socorreu foi esperta e abençoada por Deus, levou logo para o Teresa”, completou.
Ainda segundo ela, mesmo após constatar que três inocentes foram atingidos, “os policiais não deixaram de atirar e tampouco prestaram socorro às vítimas”:
“A rua estava cheia, mas mesmo assim os policiais continuaram atirando… Por eles, meu filho teria morrido”.