“O educador se eterniza em cada ser que educa”. Levando em conta a celebre frase do educador e filosofo brasileiro, Paulo Freire, não é exagero dizer que a professora Maria de Lourdes Souza Torres, conhecida como Lurdinha, está eternizada na história do Nordeste de Amaralina. Nascida em 5 de agosto de 1954, no município e Ilhéus, na Bahia, e filha de pais analfabetos Lurdinha mostrou desde cedo a garra de uma verdadeira leonina.
“Na Ilhéus dos anos 50/60 a energia era até às 22h, luz a motor nunca tínhamos visto uma tv e nosso rádio tinha hora de ligar e desligar. A única escola oficial era o Grupo Escolar Barão de Macaúbas. So tinha acesso alunos alfabetizados. Como fazer se meus pais eram analfabetos? Fui a luta com o abc na mão pois meu sonho era estudar no grupo escolar. Aprendi a ler e no dia do teste “broqueia” a pro logo se apaixonou por mim Modéstia a parte, era uma gracinha, toda gordinha, cabelos na cintura e muito esperta”, conta a sempre bem humorada docente.
Ainda aos 15 anos começou a lecionar no projeto chamado MOBRAL, estou completando 50 anos como educadora e continuo apaixonada pela tarefa. “A princípio não pensei em ser professora, mas foi o que Deus reservou para mim e sou muito feliz nessa profissão. Não saberia fazer outra coisa. Me formei em pedagogia, em 1974, pelo Instituto Municipal de Educação de Itabuna. Em 1988, fiz curso de professora primária na UNEB. Já tinha dez anos de formada em magistério, estudei com os módulos de meu sobrinho e fui aprovada na primeira lista”, conta.
Ainda jovem chegou à capital. Sua chegada no bairro se deu através de reuniões espirituais realizados aos domingos com a leitura do Evangelho na antiga creche Dália de Menezes, no Nordeste de Amaralina. Nessa época ainda não sabia da Santa Cruz. Aprovada no concurso da Prefeitura, em 1994, veio com uma amiga para conhecer o bairro e seu novo local de trabalho.. A chega ao Teodoro Sampaio ainda é lembra em detalhes: “Adorei, porque adoro crianças e no largo muitas estavam jogando bola. Era uma linda escola, porém destruída. A secretaria não mais sabia o que fazer. Foi então que participei de uma eleição como vice e com a aposentadoria da diretora assumi o cargo. Pense! Nem sabia por onde começar (risos). Então, iniciei com limpeza dos sanitários. Todos os dias ia até a Secretaria. Apelei a Deus! Trouxe as igreja e centros para a escola e as ações foram acontecendo. O que precisava era que a Secretaria de Educação dessa nova oportunidade e com essa oportunidade crescemos. Também, chegava na escola antes das sete e ficava até às 22h”.
Lurdinha recorda, que na época, o bairro já era julgado e vítima de estereótipos por conta da violência: “Foram muitas pressões p q eu não viesse para o Teodoro Sampaio, eu não me deixei envolver sentia que aqui era meu lugar. E é. Foi difícil, fui agredida e ameaçada muitas vezes, mas valeu a pena porque temos hoje uma escola que é referência para o Brasil. Só estou com uma dificuldade: aposentar. Sem querer deixar essa linda escola onde aprendi muito de ser humano”.
Os 26 anos à frente do Teodoro, fazem com que “Pró Lurdinha” olhe para trás e veja com satisfação o seu imenso legado à comunidade: “Esses jovens que pude participar da formação intelectual e, sobretudo humana me fizeram descobrir um mundo diferente. Hoje me reconheço outra pessoa. Se ensinei, se formei não saberia dizer (sem falsa modéstia)mas aprendi”. Como aprendo!!
Orgulhosa da sua condição mãe, avó mulher e educadora, a professora conclui: “Como mulher e como professora exército todos os dias, todos os momentos de minha vida A doce arte de educar e ser educada”.