Desde o último domingo (12), mercados e lojas de Salvador estão proibidos de oferecer sacolas plásticas não recicláveis, conforme a Lei Municipal nº 9699/2023. A legislação, proposta pelo vereador Carlos Muniz (PSDB), tem como objetivo a redução do uso de plástico para a preservação do meio ambiente.
No Complexo do Nordeste de Amaralina, a medida tem gerado opiniões diversas. Dona Crispina Menezes, de 64 anos, questiona a eficácia da proibição e o impacto financeiro sobre os consumidores. “Se eu pagar, não vai acabar essa palhaçada. Porque se tá fazendo isso pra acabar com esses plásticos, vai continuar. Não faz sentido nenhum. Pelo meio ambiente, não é nem tanto por eu pagar. Porque se a solução que eles tão achando é essa, aí vai cobrar dos consumidores. Não faz sentido nenhum.”

A Organização das Nações Unidas estima que, até 2040, a quantidade de plásticos jogados no mar atingirá 23,37 milhões de toneladas anuais. Com essa perspectiva, a lei de Salvador é um passo importante, mas precisa ser ajustada para garantir que todos possam contribuir de maneira viável e justa para a preservação do meio ambiente.
Idanildes Silva Bispo, de 40 anos, também se mostrou insatisfeita, especialmente com o custo adicional das sacolas biodegradáveis nos supermercados. “A gente faz uma compra grande e vai comprar. Tem uns lugares que é 12 centavos, tem lugares que é 25 centavos. Parece pouco, mas se você somar… De 25, 25, 25, né? Você dá muito mais, entendeu? Então eu não concordo com isso não, não gostei não.”

Apesar de reconhecerem os benefícios para o meio ambiente, muitos moradores e comerciantes do Nordeste de Amaralina apontam a necessidade de ajustes que considerem as realidades socioeconômicas locais. A medida visa contribuir para um futuro mais sustentável, mas enfrenta o desafio de equilibrar a proteção ambiental com as necessidades práticas da população.
Nazilda Mascarenhas, dona de um mercadinho na rua do Futuro, já incentivava práticas ambientais antes mesmo da lei. “Aqui no nosso estabelecimento são três pães por um real trazendo a sacola. E a unidade só é 50 centavos. Então a pessoa escolhe. Geralmente as pessoas trazem a sacola. E eu acho que contribui muito.” Sobre a nova proibição, ela reconhece tanto os benefícios quanto os desafios: “Ajuda também o planeta, mas tem um lado desconfortável, porque às vezes as pessoas vão comprar e vão despreparadas.”

Discutem-se na Câmara Municipal de Salvador possíveis alterações na lei para que os estabelecimentos ofereçam gratuitamente embalagens recicladas ou itens feitos de papel. Se aprovada, essa mudança entrará em vigor a partir de junho, buscando reduzir o impacto financeiro sobre os consumidores e fortalecer a política ambiental da cidade.
A fiscalização da lei é feita pela Prefeitura de Salvador, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo, podendo gerar multas para os estabelecimentos que não cumprirem as regras. A legislação determina que todas as sacolas plásticas comercializadas sejam recicláveis, confeccionadas com mais de 51% de material proveniente de fontes renováveis.