Batismos, casamentos, missas de sétimo dia, catequeses, grupos de jovens, ações sociais, cursos e oficinas oferecidos pelas Obras Sociais, histórias de fé, devoção e superação. Esses são apenas alguns dos momentos que marcaram a vida da comunidade do Nordeste de Amaralina ao longo dos 50 anos da Paróquia Santo André.
Para celebrar esta trajetória, o NES revisitou episódios marcantes e apresenta a você, leitor, um breve resumo da história da paróquia, que completa, nesta terça-feira (5), meio século de existência.
Um início missionário
Tudo começou em 21 de agosto de 1965, quando a missionária italiana Anna Sironi chegou ao Brasil a convite do então arcebispo Dom Eugênio de Araújo Sales. Com a missão de atuar em comunidades carentes da Arquidiocese de Salvador, Anna foi enviada para o bairro do Nordeste de Amaralina.

Com sensibilidade e disposição para servir, em 1968 ela liderou um importante movimento no bairro: os mutirões para construção de moradias para famílias vindas do interior. As casas, feitas de taipa, eram erguidas nos fins de semana com a ajuda voluntária dos homens da comunidade. Nascia ali um espírito coletivo de solidariedade e partilha que se tornaria marca do povo do Nordeste.
Fundação da Paróquia Santo André
O trabalho social e evangelizador foi crescendo, e, no dia 5 de agosto de 1975, foi oficialmente criada a Paróquia Santo André, desmembrada da Paróquia São José de Amaralina. O primeiro pároco nomeado foi o missionário francês Pe. Roberto Joseph Camile Etave, que já residia no bairro. Seu trabalho teve início atendendo uma família numerosa que havia perdido os pais. A nomeação foi intermediada por Dom Thomáz Murphi, bispo auxiliar, e a criação da paróquia foi decretada por Dom Avelar Brandão Vilela, então arcebispo.

Ações sociais e expansão da paróquia
Para organizar melhor as ações sociais, em 20 de janeiro de 1976 foi fundada a OPSAN – Obra Paroquial de Santo André, tendo Anna Sironi como primeira presidente e Pe. Roberto como vice. Com o apoio de uma equipe de colaboradores, as atividades religiosas e sociais da paróquia ganharam força e estrutura. Em 1983, deu-se continuidade à ampliação do Centro Santo André. Foram construídos o salão paroquial e a ampliação da Igreja Matriz com apoio da organização Pão para o Mundo, representada por Ursula Schempp, amiga e voluntária ao lado de Anna. Nesse período, a Companhia de Jesus também adquiriu o espaço onde funcionaria a Capela Nossa Senhora das Graças, na Santa Cruz.
Padres que marcaram época
Em 26 de junho de 1989, o Pe. José Morais de Oliveira assumiu a paróquia e passou a residir na Casa Paroquial, no andar superior, enquanto Anna Sironi continuava vivendo no térreo. Em 1993, com sua saída, o Pe. Juraci Gomes de Oliveira passou a atuar como administrador paroquial interino, com o auxílio dos padres José Ribamar de Souza Lima e, posteriormente, Pe. Geraldo De Mori, da Companhia de Jesus.
Em 1994, o Pe. Stefano Volani assumiu a paróquia, dando continuidade às ações pastorais e sociais. Durante sua gestão, funcionou por anos a padaria-escola, que oferecia cursos de formação, mas que acabou encerrando as atividades devido à falta de pessoas responsáveis para sua manutenção e pelas dificuldades causadas pela violência.
Novas comunidades e novas missões
No dia 11 de novembro de 2007, foi criada a Comunidade Santa Paulina, sob a liderança do Pe. Guido Zendron. Como ainda não havia espaço físico adequado, a primeira festa da comunidade foi celebrada no Colégio Teodoro Sampaio. Inicialmente, a comunidade foi vinculada à Paróquia Cristo Redentor, mas, diante da falta de envolvimento do novo pároco daquela paróquia, foi realocada para um espaço sobre a Associação Alecrim, que mais tarde se tornaria a capela dedicada a Santa Paulina.

No ano seguinte, em 12 de março de 2008, Pe. Guido Zendron foi nomeado bispo da cidade de Paulo Afonso. Sua ordenação aconteceu no Ginásio do ISBA, em 17 de maio, e a posse, em 25 de maio. A paróquia teve grande representatividade na cerimônia.
Em 27 de abril de 2008, assumiu a paróquia como administrador o Pe. Renato Minho Figueiredo Filho, que permaneceu até março de 2011. Ainda em sua gestão, em julho de 2008, aconteceu a primeira festa oficial da Comunidade Santa Paulina, agora integrada à Paróquia Santo André por iniciativa da comunidade e do próprio padre.
Novos tempos, mesma missão.
A despedida de Pe. Renato aconteceu em 13 de abril de 2011, quando foi nomeado capelão da Polícia Militar da Bahia. Na mesma celebração, foi realizado o rito de posse do novo administrador paroquial, Pe. Paulo Nunes. A cerimônia foi presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador, Dom Gregório Paixão.
Ao longo dessas cinco décadas, a Paróquia Santo André se consolidou como um espaço de fé, acolhimento, formação e transformação social. Sua história é também a história de um bairro que resiste, luta e sonha junto. Não poderíamos terminar esse artigo sem falar de pessoas importantes que fazem e ajudam contar essa história, os seus paroquianos, em especial, Ana Castro, Edinalva Barreto, Helena Belo, Isabel Oliveira Santos, e Jorge Célio.
Fonte: Livro de tombo e depoimentos de antigos paroquianos.