O quadro “Sua História, Nossa História”, do NES, segue compartilhando trajetórias inspiradoras de moradores do Complexo do Nordeste de Amaralina. Na edição desta semana, a equipe de reportagem acompanhou a história de Natalice Santana Passos, 48 anos, que foi a Rainha do Ilê Aiyê no ano 2000. Moradora do Vale das Pedrinhas, onde nasceu e cresceu, Natalice construiu uma trajetória marcada por resistência, ancestralidade e orgulho da identidade negra.
A conexão de Natalice com o Ilê Aiyê começou em 1995, quando, ao frequentar o Pelourinho, conheceu a trancista Negra Jhô, que a preparou e incentivou a disputar o título de Deusa do Ébano. Mãe solo e com a autoestima abalada, viu no concurso a chance de transformar sua trajetória. “Ser Rainha do Ilê Aiyê foi um divisor de águas. Aprendi que ser mulher preta é valorizar outras mulheres e nunca esquecer de onde vim”, afirma. Ela lembra com carinho do orgulho que sua mãe, Ana Maria (in memoriam), sentiria ao vê-la coroada.
Ao contar sua história, Natalice relembra momentos inesquecíveis. Seu reinado a levou a palcos nacionais e internacionais, rendeu participações em festivais de jazz nos Estados Unidos, campanhas publicitárias e diversas palestras, sempre enfatizando a importância da cultura negra e da resistência. “Cada passo que dei como Rainha foi para mostrar que nós, mulheres pretas, somos potência”, ressaltou.
Atualmente técnica de enfermagem, Natalice segue como uma referência. Para ela, ser Deusa do Ébano vai muito além de um título — é uma missão. “Fui Rainha do Ilê Aiyê em 2000, com o tema ‘Terra de Quilombo’, e essa experiência me ensinou a nunca abaixar a cabeça. Minha missão é criar meus filhos e netos com orgulho e inspirar minha comunidade, para que possam ir além do que fui e escrevam sua história sem medo de ser quem são”, afirma.
Hoje, ela acompanha com orgulho as novas gerações de Rainhas do Ilê e enxerga a evolução do concurso como um espaço essencial de valorização cultural e formação política. Sua trajetória reflete a força do bloco e reafirma o impacto da representatividade na construção da autoestima negra.
As matérias do quadro “Sua História, Nossa História” mostram como histórias como a de Natalice provam que ter orgulho das próprias raízes e nunca desistir podem mudar vidas e fortalecer toda uma comunidade.
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