O projeto Fios de Cura (@cura.performance), idealizado pela artista, atriz e produtora cultural Andréia Anjos, realiza uma programação especial e gratuita nesta quarta-feira, 16 de julho, no Jardim Botânico de Salvador, localizado no bairro de São Marcos, uma das principais áreas de preservação da cidade. A partir das 9h da manhã, o público será convidado a participar de uma trilha ecológica conduzida por um guia especializado, seguida da apresentação da performance “Fios de Cura”, criação autoral da artista. A atividade é destinada a estudantes da rede pública, moradores e artistas locais, com idade mínima de 16 anos.
Unindo arte, ancestralidade e natureza, a proposta busca criar um espaço de contato com o sensível, a escuta e o corpo, despertando reflexões sobre cura, memória e identidade. Ao final da apresentação, haverá um bate-papo com Andréia Anjos, oferecendo ao público a oportunidade de dialogar sobre o processo criativo e os temas abordados na obra. Todas as ações são gratuitas e fazem parte de um calendário maior que se estende até agosto.
Com mais de 10 anos atuando em projetos culturais que exploram vivências negras, ancestralidade e afetividade, Andreia Anjos explica que a performance nasceu em momento delicado de sua vida, quando sentiu que seu corpo precisava de escuta.
“A performance veio como um espaço de atravessamento onde eu pude transformar ausência em presença, silêncio em voz, dor em caminho. Ela veio como caminho no sentir, no sonho, na reza, na escuta, no tambor que meu corpo vem reconhecendo. Cura tá me curando, e enquanto crio percebo que minha arte também pode ser reza para levar outras pessoas para seus caminhos de cura”, afirma a artista.
Caminhada sensorial e arte como espaço de escuta
A trilha no Jardim Botânico será guiada por um profissional especializado e tem como objetivo proporcionar uma experiência de reconexão com a natureza por meio dos sentidos. Em meio às plantas, sons e cheiros do ambiente, o percurso busca despertar um estado de presença e escuta ativa no corpo e no espírito. Essa vivência sensorial é o primeiro convite para a proposta de cura coletiva que o projeto pretende provocar.
Logo após a caminhada, acontece a performance “Fios de Cura”, obra criada por Andréia Anjos a partir de suas próprias vivências e de referências que atravessam o corpo da mulher negra. A cena é atravessada por elementos simbólicos, memórias fragmentadas, rezas e silêncios transformados em gesto, som e presença. É uma performance que não oferece respostas, mas provoca sensações e reconhecimentos. Ao final, a artista participa de um bate-papo com o público, ampliando o campo da escuta e do compartilhamento.
Tecnologias de cuidado e fortalecimento comunitário
Mais do que uma experiência artística, o projeto Fios de Cura propõe um mergulho nas tecnologias ancestrais de cuidado, partindo de práticas das populações negras, indígenas e tradicionais. Composto por cinco ações principais, o projeto contempla: a circulação da performance Cura, trilha sustentável, encontro com povos de terreiro, oficina de teatro Cura e a roda de compartilhamento para senhoras. Todas essas atividades buscam ativar a memória coletiva, o pertencimento territorial e a valorização dos saberes populares.
A proposta é criar espaços seguros e afetivos para a troca de experiências e para o fortalecimento dos vínculos comunitários. O projeto aposta na arte como linguagem estratégica e sensível para promover escuta, pertencimento e bem-estar emocional, especialmente para mulheres negras e comunidades periféricas. Com isso, Fios de Cura reafirma a importância das expressões culturais como ferramentas de saúde coletiva e construção de autonomia.
Programação segue em agosto com oficinas e rodas culturais
O calendário do projeto se estende ao mês de agosto com ações em territórios da capital baiana. No dia 2 de agosto (sábado), a performance “Fios de Cura” será apresentada na Associação Comunitária de Canabrava, em evento aberto ao público a partir de 16 anos. Na mesma data, será realizada a Oficina de Teatro Cura, voltada para estudantes da rede pública e moradores da comunidade com idade a partir de 12 anos. A oficina tem como objetivo oferecer ferramentas teatrais como forma de expressão, autocuidado e fortalecimento da autoestima.
Já no dia 16 de agosto (sábado), o projeto promove a Roda de Compartilhamento de Histórias e Saberes, destinada a mulheres com 40 anos ou mais, moradoras do território de Pau da Lima. A ação tem como proposta escutar histórias de vida, celebrar as ancestralidades femininas e resgatar saberes muitas vezes invisibilizados nas narrativas hegemônicas. Com essa programação diversa e sensível, o projeto reafirma seu compromisso com o cuidado coletivo e a arte como caminho de cura.
O projeto Fios de Cura foi contemplado pelo edital Territórios Criativos – Ano Il com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB),
Ministério da Cultura, Governo Federal.
SERVIÇO:
Projeto Fios de Cura
Trilha ecológica + performance “Fios de Cura”
16 de julho (quarta-feira), às 9h
Jardim Botânico de Salvador
Entrada gratuita
Acompanhe em: @cura.performance
PROGRAMAÇÃO
16 de julho de 2025 (quarta-feira):
Trilha no Jardim Botânico de Salvador, apresentação da performance Fios de Cura + bate-papo final
Para estudantes de escola pública (maiores de 16 anos), moradores e artistas locais.
Jardim Botânico de Salvador
2 de agosto de 2025 (sábado):
Apresentação da performance Fios de Cura + bate-papo final
Para público geral (a partir de 16 anos)
Associação Comunitária de Canabrava
Oficina de Teatro Cura
Para estudantes da rede pública e moradores da comunidade (a partir de 12 anos)
Associação Comunitária de Canabrava
16 de agosto de 2025 (sábado):
Roda de compartilhamento de histórias e saberes
Para mulheres a partir de 40 anos, moradoras do território de Pau da Lima
Associação Comunitária de Canabrava
