Violência -Mãe de líder comunitário do Luís Anselmo, Mãe Bernadete é assassinada por criminosos na Bahia

Published:

A yalorixá e líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, Maria Bernadete Pacífico, que é mais conhecida como Mãe Bernadete, e também mãe do líder comunitário Jurandir Wellington Pacífico dos Santos, mais conhecido como Teves, morador do Luís Anselmo, foi assassinada na noite desta quinta-feira (17), em Simões Filho, cidade da Região Metropolitana de Salvador. O crime aconteceu dentro de um imóvel que pertence a Base Comunitária, onde habita a família da religiosa. A suspeita inicial é de que o caso esteja ligado a tentativas de invasão e ocupação de terras na região.

Teves deu uma entrevista bastante abalado para o Jornal da manhã nesta sexta-feira (18) e questionou o motivo de sua família ser morta de forma brutal por conta de brigas pelo poder. Vale lembrar que o seu irmão, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, mais conhecido como Binho do Quiombo, também foi assassinado em setembro de 2017 enquanto deixava o filho na escola.

“Queria entender o que foi que a gente fez pra esse povo mandar dizimar a minha família. Eu não sabia que se fazer o bem, ajudar as pessoas, contraria tanto assim a elite. Não vou sujar as minhas mãos de sangue. Esse crime está fácil de resolver, tem filmagens, tem tudo. Um crime liga o outro, peço que se faça justiça”, relata Teves.

Segundo informações da Secretaria da Segurança Pública da Bahia, dois homens, ainda não identificados e usando capacetes, entraram no imóvel por volta das 20h, fizeram familiares da vítima reféns e fugiram levando celulares. O crime aconteceu há quase 6 anos da morte do filho de Mãe Bernadete, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, que era mais conhecido como Binho do Quilombo. Os casos podem ter relação, como pontua Denildo Rodrigues, da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).

“Ela sabia e a Justiça sabia que quem mandou matar Binho tava lá, perto da comunidade. Só que não deu nada. Ela nunca ficou quieta. Agora foi silenciada. Muito triste para nós”, lamentou Denildo. De acordo com Denilson, as lideranças das comunidades quilombolas e terreiros de Simões Filho são ameaçadas com frequência por grupos ligados à especulação imobiliária, interessados em ocupar os territórios.

Related articles

spot_img

Recent articles

spot_img