Cinco anos após reforma, orla de Amaralina enfrenta abandono e deterioração

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Cinco anos após a reforma da orla de Amaralina, o cenário é de abandono. Onde antes havia equipamentos novos, hoje restam apenas escombros. A falta de manutenção por parte da prefeitura de Salvador, somada ao mau uso por parte de alguns frequentadores, transformou a área em motivo de frustração para quem vive e circula pelo bairro.

Entregue no segundo semestre de 2020, a requalificação do trecho entre o Quartel de Amaralina e o Largo das Baianas custou aproximadamente R$ 55 milhões aos cofres municipais. Hoje, porém, o cenário é de deterioração. Na Praça João Amaral, mesas e cadeiras apresentam estruturas totalmente oxidada: muitas foram arrancadas, outras simplesmente desabaram. A poucos metros dali, na praça esportiva Antônio Cesar Pitta, a situação se repete: os bancos de madeira não resistiram ao abandono e acabaram sucumbindo ao tempo.

Frequentador assíduo da orla, o trabalhador autônomo João Almeida, 57 anos, lamenta o abandono:

“A orla de Amaralina é linda, maravilhosa. Há cerca de cinco anos passou por uma reforma, mas a manutenção ficou devendo. Hoje, está tudo destruído: mesas, cadeiras… Até a placa em homenagem a Cesinha foi alvo de vandalismo. Faltou à prefeitura realizar os reparos. A própria cabana dos pescadores precisa de nova intervenção. Os ambulantes têm receio de reclamar e sofrer retaliações.”

O pescador Alexsandro Gomes, 45 anos, reforça:

“Entregaram a praça, a colônia de pescadores, e depois deixaram tudo à própria sorte. Nunca apareceu ninguém para fazer um reparo sequer. O barracão está molhando por dentro, com as telhas todas soltas. É abandono total.”

No famoso Largo das Baianas, o retrato é de completo abandono. Os quiosques que deveriam servir de ponto de venda para as quituteiras e rodas de capoeira se transformaram em abrigo para pessoas em situação de rua. O espaço, antes cartão-postal e parada turística obrigatória, hoje sofre com a falta de iluminação e com a ausência de uma estrutura que realmente contemple as baianas e os capoeiristas que dão identidade ao local.

Eunice de Jesus, proprietária de um bar e restaurante, resume o sentimento de quem vive o dia a dia da praça:

“Estou aqui há 30 anos e já vi isso muito mais movimentado. Tinha show no Réveillon, atividade no Natal, forrozinho no São João… Hoje não tem nada. Amaralina está abandonada. Até os bancos da pracinha levaram. Não tem banco, não tem balde de lixo, tiraram tudo. A praça é linda, mas está largada. Só serve de moradia para pessoas em situação de rua. Ficamos sem segurança nenhuma.”

“Falta iluminação também. Tem semanas em que ficamos sem luz três, quatro vezes. A gente liga, reclama, e quando o pessoal aparece, já passou uma semana. E como é que a gente trabalha assim? Dá sete horas da noite e está tudo escuro. Sem luz, sem segurança, a praça entregue ao abandono.”, acrescenta.

A beleza e a imponência da baiana azul de Amaralina, escultura assinada pelo artista plástico Bel Borba, contrastam com o cenário de descaso que toma conta da área. Em seu olhar, ao horizonte o pedido de suplica por dias melhores, à orla de Amaralina.

Tiago Queiroz
Tiago Queiroz
Graduado em Comunicação/Jornalismo, e exerce as funções de Editor e Coordenador de Jornalismo do Portal NORDESTeuSOU

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