Ser mãe talvez seja uma das experiências mais complexas que uma mulher possa viver. Ter um filho, sem sobre de dúvidas, é um dos momentos mais desafiadores na vida uma mulher. São delas a missão de carregar um bebê por nove meses na barriga e dar carinho amor ao longo de toda a vida. No próximo domingo, 14 de maio, é o Dia dessas mulheres.
Marlene Pereira de Souza, 83 anos, é natural de Ubaíra, Bahia. Filha de lavradores, teve uma infância humilde e logo na adolescência arrumou as malas e veio tentar a vida em Salvador. Motivada pelo desejo de ter uma estabilidade financeira, começou a trabalhar como empregada doméstica e alugou uma casa na Chapada do Rio vermelho.
“Queria conquistar minha casa própria, ajudar meus familiares e principalmente poder criar meus filhos”, relembra a mamãe Marlene.
Mas, nem tudo foram flores na vida de Marlene, sua jornada na cidade grande, foi de altos e baixos. Se apaixonou, logo em seguida, casou-se, mas o que deveria ser um momento de amor e paixão, se tornou uma tremenda dor de cabeça. Marlene era vítima de abusos psicológicos e físicos por parte do seu companheiro, além disso, no ambiente profissional, era explorada e muitas das vezes humilhada por parte dos seus patrões.
“Fase difícil. Naquela época não tínhamos o suporte das leis trabalhistas e os patrões exploravam ao máximo. Dias e noites de muita lágrimas nos olhos, engolindo situações para não deixar faltar a educação e a comida na mesa dos meus filhos. Meu marido se tornou agressivo e abusivo. Com o tempo me livrei daquela situação “, descreve em lágrimas.
“Eu tirava da minha boca para colocar na dos meus filhos. A grana curta… Ficava sem me alimentar, mas enchia a barrida dos filhos e cobrava que eles estudassem. Me esforçava para que cada um se formasse homens e mulheres de honra e bom caráter. Hoje, vejo que cumpri minha missão. Quando os vejo com suas famílias e trabalhando honestamente, me encho de orgulho”, vibra.
Após mais de 50 anos morando no Nordeste de Amaralina, com cinco filhos, e mais de três netos, fruto do primeiro e segundo casamento, dona Marlene conseguiu realizar seu grande sonho, ter sua casa própria, que fica localizada no Areal, na rua Santo Antônio.
“As coisas não eram tão fáceis como atualmente, tudo muito batalhado. Cada bloco era uma vitória. Trabalhava dia e noite para fazer minha casa”, revive.
Com mais de 80 anos, dona Marlene viu seu papel ser invertido. Durante anos dedicou sua vida à criação dos filhos, mas não sabia que a vida lhe reservava um novo capítulo na sua trajetória. Ela descobriu um câncer de mama em estágio avançando e delicado, por conta da alta idade.
“O meu chão caiu. Com minha mãe, não! Não aguentaria ficar sem ela. Fiquei sem rumo. Foram dias tensos, desde a descoberta, o processo de tratamento e a cura”, relembra Renzo Moraes, filho caçula.
A vitória chegou – Após meses de tratamentos e medicamentos, dona Marlene foi curada da enfermidade, mas ainda segue sob os cuidados da sua família.
“Mesmo com a velhice, ela é ativa, gosta de fazer suas tarefas em casa,porém, estamos dando todo suporte para que não haja nenhum problema maior”, fala o filho.
Dona Marlene tenta ao máximo seguir com uma vida ativa, não abre mão de preparar seu “frango do amor”, uma das suas receitas prediletas . Frequentadora da igreja evangélica do bairro, não costuma faltar um cultos e adora passear pelo shopping.
“Ela ama um fast food. Risos. Senta na praça de alimentação e toma um milk shake, ou sorvete de chocolate e baunilha”, revela.
Questionada pela reportagem de onde vem esse desejo, ela diz: “meu filho, eu passei muita fome nesta vida. Sonhava com um dia poder ter esses momentos de lazer, pois era distante da minha realidade e hoje, sempre que posso, eu vou com meus filhos”, comenta feliz.
De acordo com o filho de dona Marlene, a vida está presenteando ele e seus irmãos com o privilégio de ter a mãe com essa idade e poder cuidar dela.
“Os papéis se investeram. Somos mãe da nossa mãe. Requer paciência, amor, cuidado, e dedicação. Nossa hora de retribuir. Tentamos ao máximo proporcionar bons momentos para ela. Eu e ela somos ativos nas redes, posto nossos passeios, nossa rotina em geral. Eu amo bastante minha rainha”, finaliza.
Feliz dia das mães para Marlene e todas outras mamães da comunidade!
