Por Tiago Queiróz
Não causa estranheza a declaração preconceituosa do presidente do Conselho Municipal do Carnaval (COMCAR), o senhor Flavio Emanoel, ao se referir aos bairros populares de Salvador. Em entrevista a uma emissora de rádio da capital, o referido, ao defender a realização do carnaval 2022, a despeito da pandemia que vitimou mais de 600 mil brasileiros e aproximadamente 27 mil baianos, afirmou que “o Carnaval já acontece todos os finais de semana nas periferias”.
Ora bolas, senhor Flávio Emanoel. As cenas de aglomeração não são vistas somente na favela… Já não bastasse a ganância e o desapreço pela vida, o senhor presidente do Comcar também tem como característica a covardia. Acho que o mocinho desconhece as constantes “festinhas”, com grande concentração de pessoas, no “Baixo Itaigara” e no Horto Florestal… Não é novidade que o mesmo, na presidência de uma das entidades responsáveis pela organização da folia momesca, tem seus esforços voltados somente para os “grandes centros da festa”. No Nordeste de Amaralina, reconhecidamente um dos circuitos oficiais do carnaval da cidade, seu trabalho inexiste. Talvez porque nos carnavais de bairro, não existam as generosas comissões ofertadas pelos patrocinadores e demais empresários ligados ao trade carnavalesco.
Sim, senhor Fávio Emanoel. Na periferia fazemos festa aos finais de semana. Mas em várias oportunidades somos obrigado também a fazer o papel que caberia ao poder público, em especial ao Conselho Municipal do Carnaval (COMCAR), órgão infelizmente presidido pelo senhor. Tenha respeito aos bairros periféricos dessa cidade. Tenha respeito aos moradores do circuito Mestre Bimba, e sobretudo, tenha respeito ao povo, de fato e direito, donos do carnaval.