A exposição fotográfica urbana É Só Amor foi alvo de vandalismo nesta terça-feira, 2, nas ruas do Centro Histórico de Salvador. A mostra, idealizada pelo ator, performer, dramaturgo e diretor teatral Luiz Antônio Sena Jr, traz imagens que reproduzem situações cotidianas de homoafetividade.

Vândalos escreveram frases homofóbicas em cima das fotografias

As fotografias, impressas em formato lambe-lambe e coladas no corredor urbano entre a rua Carlos Gomes e a Praça da Sé, amanheceram rasgadas e com frases homofóbicas, entre elas “Só bala”.

“Essa exposição tem o intuito de convocar a reflexão a respeito da violência que as expressões homossexuais sofrem cotidianamente. Todas as fotografias foram rasgadas. Em sua maioria, o ‘vândalo’ rasgou exatamente o afeto demostrado”, denuncia Luiz Antônio.

A exposição faz parte do projeto homônimo É Só Amor³, que une realidade e ficção e tem como base a arte documental. “A arte do lambe-lambe tem como característica ser atravessada pelo tempo, desgaste do trânsito, pelo cruzamento das pessoas, que podem riscar, rasgar e até colar outros lambes e grafitar em cima das imagens. O lambe não é somente uma arte para apreciar, mas também para sofrer intervenções”, diz o artista.

Entretanto, o desgaste das obras não esperou a ação do tempo, visto que aconteceu em menos de 24 horas.

É SÓ AMOR é uma exposição que marca o encontro de três artistas, de linguagens distintas: Luiz Antônio Sena Jr (teatro), Tina Melo (artes visuais e performance) e Mayara Ferrão (audiovisual, fotografia e artes visuais).

A obra será construída processualmente. A primeira fase é fixação das fotografias em lambes. No segundo momento, esses quadros sofrerão intervenções performáticas com balões de tinta vermelha. Essa ação ocorrerá ao longo de uma semana, a partir do dia 4 de outubro.

“Em cima de uma imagem de afeto, em preto e branco, essas intervenções buscam refletir a violência urbana e a homofobia”, realça o performer, ao acrescentar que os locais onde estão fixados os lambes são ruas que existem espaços de convivência e resistência da comunidade LGBTQ+. Alguns deles, a exemplo do Bar Caras & Bocas, na rua Carlos Gomes, já sofreram agressões verbais e físicas de prédios vizinhos e transeuntes.